O ministro do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, anunciou nesta quarta-feira (8), a formação de uma mesa de negociação entre representantes da empresa produtora de celulose Suzano com lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) para negociar uma saída para o acordo de destinação de terras no sul da Bahia para a reforma agrária.
O acordo firmado entre o MST e a Suzano em 2011 e que não foi cumprido pela empresa motivou a ocupação de três fazendas de monocultivo de eucalipto pelo movimento que defende a destinação de terras para a produção familiar.
À Hora do Povo, o ministro do Desenvolvimento Agrário reiterou “o governo federal irá promover a retomada da política de assentamentos de famílias, interrompida pelo governo anterior” e que “atuaremos para prevenir os conflitos agrários com diálogo com os movimentos sociais e demais representações”, garantiu Paulo Teixeira.
“Criamos uma mesa de negociação. Essa mesa de negociação terá a sua primeira reunião no dia 16 de março, aqui no ministério”, disse Teixeira. “Até lá, as partes vão estudar os termos daquele acordo que foi firmado, para atualizar.”
Teixeira fez o pronunciamento à imprensa após sair de reunião com representantes de MST, Suzano, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Ministério da Indústria e Comércio e governo da Bahia.
“Houve uma negociação em 2011 entre as partes – eram três empresas, que foram depois incorporadas pela Suzano – e o MST. Esse diálogo aconteceu até 2016 e foi interrompido. Hoje, foi retomado”, celebrou o ministro.
O MST desocupou na última terça (7), por determinação da Justiça, áreas da Suzano em Caravelas, Teixeira de Freitas e Mucuri, municípios baianos. As fazendas estavam ocupadas desde o dia 27 de fevereiro.
O ministro saiu da reunião com convicção de que Suzano e MST pretendem fazer valer o trato firmado na década passada. “Queremos reafirmar os termos daquele acordo feito em 2011 e atualizado em 2015. Evidentemente, precisa ser atualizado, mas queremos reafirmar que as partes querem cumprir. Vamos trabalhar pelo cumprimento daquele acordo. nós queremos paz no campo. Todos atores envolvidos querem paz”, diz o MST.
Segundo integrantes dos sem-terra, a ocupação das áreas da Suzano aconteceu para pressionar para que se cumpra o acordo. “A empresa se comprometeu a ceder áreas para assentar 750 famílias. Isso não ocorreu até hoje”, explica Eliane Oliveira, da direção Estadual do MST na Bahia. “Temos disposição de continuar fazendo luta até que ela cumpra o acordo que fez com essas famílias, que estão há 12 anos esperando que as áreas sejam cedidas para desapropriação.”
A Suzano nega ter violado o acordo. “A completa entrega das áreas pela Suzano depende de processos públicos que ainda não ocorreram ou foram implementados pelo Incra”.