Em visita à sede da Hemobrás, em Pernambuco, Luciana Santos e Nísia Trindade anunciaram editais de pesquisa para a área de hemoderivados
Como parte da agenda de fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, as ministras da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e da Saúde, Nísia Trindade, visitaram, nesta segunda-feira (15), em Goiana (PE), as instalações da fábrica da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), responsável pela a produção de hemoderivados no país.
A importação de medicamentos para atender aos pacientes com hemofilia e outras doenças relacionadas à coagulação sanguínea, cuja assistência é ofertada 100% pelo SUS, supera R$ 1,5 bilhão/ano. Por isso, o pleno funcionamento da Hemobrás é um passo fundamental para o Brasil reduzir a sua dependência externa no setor de derivados do sangue e biotecnologia.
A ministra Luciana Santos reforçou a recomposição do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, uma medida prioritária do governo federal para com a ciência nacional. “É necessário que o Brasil reduza sua dependência de medicamentos, insumos e equipamentos. Precisamos nos tornar cada vez mais soberanos no assunto. Para isso, vamos abrir editais específicos na área de hemoderivados”, adiantou.
Nísia Trindade destacou a importância da Hemobrás dentro de um polo de desenvolvimento na região. “Desde o início desta gestão, vejo a Hemobrás como um dos grandes destaques da política do governo Lula, especificamente dentro do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, para garantir autossuficiência em hemoderivados. Desde 2004, essa tem sido uma trajetória de sucesso. Importantes parcerias público-privadas vêm se firmando”, reforçou, acrescentando a importância da ampliação da formação de recursos humanos altamente qualificados na área.
“É isso que torna sustentável um empreendimento desse porte. A formação de quadros é muito relevantes para esse trabalho no Brasil”, sustentou.
A maior autonomia do Brasil no setor de saúde com o desenvolvimento da indústria nacional reduz a vulnerabilidade do SUS ao mercado externo e assegura o acesso universal à saúde, além da geração de emprego e renda.
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) é voltada à produção de hemoderivados a partir da coleta de plasma humano. Desde 2007, a fábrica vem evoluindo na sua estrutura física e tecnológica a partir de uma parceria de desenvolvimento produtivo.
A previsão é que em 2025 a Hemobrás possa operar todas as etapas de produção e, com isso, se tornará a maior fábrica de medicamentos hemoderivados da América Latina. Com investimento de cerca de R$1,4 bilhão, o empreendimento terá 17 prédios, distribuídos em 48 mil metros quadrados de área construída, em um terreno de 25 hectares.
Em pleno funcionamento, a Hemobrás terá capacidade de processar até 500 mil litros de plasma ao ano, podendo chegar a até 700 mil litros caso haja demanda. Essa é uma etapa fundamental para a autossuficiência do país.
O recolhimento do plasma excedente nos serviços de hemoterapia em 2022 foi de aproximadamente 100 mil litros, e a previsão para este ano é ultrapassar 150 mil litros. Para 2024, a expectativa é fazer a coleta de mais de 200 mil litros.
POLO FARMACO
Em paralelo à construção da fábrica de hemoderivados, há a implantação de uma fábrica de fator VIII recombinante, medicamento obtido por engenharia genética destinado ao tratamento da hemofilia A no Brasil. O Hemo-8r, como é conhecido, já é fornecido para o SUS pela Hemobrás por meio de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP).
Durante a visita, a vice-governadora de Pernambuco também garantiu o reforço da infraestrutura viária para o desenvolvimento do Polo Farmacoquímico na região. “Nós, do Governo de Pernambuco, estaremos juntos do Governo Federal para que a Hemobrás funcione a pleno vapor como esperamos”, disse Priscila em coletiva de imprensa após a visita.
“A Hemobrás tem um direcionamento para a empregabilidade de pessoas da região. Ao Governo do Estado cabe também a concentração de esforços na infraestrutura necessária para desafogar essa região, como a construção do Arco Metropolitano, que é uma prioridade da gestão da governadora Raquel Lyra”, completou.
Priscila lembrou que a decisão do Governo Federal de instalar a Hemobrás em Pernambuco, nos anos 2000, foi em virtude de uma política de sangue existente no Estado desde a década de 70 com a criação do Hemope. “A história de vanguarda de Pernambuco no desenvolvimento e consolidação da política de sangue foi o que credenciou nosso Estado para receber a estatal. Além disso, a Hemobrás traz desenvolvimento para Pernambuco, pois ela movimenta uma rede que vai desde os insumos até a qualificação das pessoas”, completou.
A independência da indústria farmacêutica é um tema muito importante ( fundamental) e cuja luta remonta há muitos anos. Já na luta que gerou a Constituição de 1988, o então deputado federal Aldo Arantes ( constituinte), defendia a independência da indústria farmacêutica nacional. Pelo que me consta essa independência ainda não foi conquistada. Daí a relevância da luta no atual contexto,na atual conjuntura.