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“A luta em defesa da Previdência é a luta por um país democrático, soberano e inclusivo. Nós entendemos que a Previdência Social tem uma função primordial na distribuição de renda e no bem-estar do povo”, destacou o dirigente Renê Vicente
Na última quinta-feira (16), o ministro da Previdência Carlos Lupi visitou a sede nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), em São Paulo, onde falou sobre pautas trabalhistas e pediu a ajuda do movimento sindical para enfrentar os principais gargalos da pasta. Ele ouviu demandas e assumiu importantes compromissos com dirigentes e sindicalistas.
Além de visitar a sede da entidade, o representante do governo Lula recebeu um documento com as principais pautas de luta da CTB sobre o segmento trabalhista. Entre elas, a criação de um mutirão para acabar com a fila do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), estimada hoje em 1,7 milhão de pessoas, a adoção de protocolos médicos adequados, a valorização dos profissionais e dos salários dos servidores do INSS, realização de concurso público, retomada do coeficiente de 100% para o benefício de pensão por morte e combate à sonegação das contribuições previdenciárias por empresários inescrupulosos.
O presidente interino da CTB, Renê Vicente, destacou em sua fala o combate ao que ele chamou de “tripé maléfico para a classe trabalhadora” adotados nos governos Temer e Bolsonaro, como a terceirização de mão-de-obra e as reformas trabalhista e da Previdência.
“Uma das principais lutas que nós travamos nos últimos anos é a defesa da Previdência. A luta em defesa da Previdência é a luta por um país democrático, soberano e inclusivo. Nós entendemos que a Previdência Social tem uma função primordial na distribuição de renda e no bem-estar do povo. Assim como o senhor, nós entendemos que nós devíamos revogar essa ‘deforma’ da Previdência. A gente precisa ter estrutura e força política para fazer com que a nossa vontade seja feita”, disse.
“Precisamos restaurar a Previdência pública, que dê uma perspectiva de aposentadoria para as futuras gerações. Queremos viver após o trabalho, após ter contribuído. O que nós queremos é fomentar o debate para que nós possamos resgatar o país no rumo do desenvolvimento econômico, com valorização do trabalho e distribuição de renda”, continuou o dirigente.
Diante dos mais variados questionamentos na discussão, Lupi se mostrou disposto a dialogar, mas pediu “união” com a CTB para que seja criado um fórum permanente de discussão da Previdência com as pastas do governo e o Congresso Nacional.
“Eu não tenho o poder de derrubar a antirreforma. Gostaria de ter, mas não tenho. Agora, eu tenho o direito de levar essa discussão a um fórum da previdência com os ministros de Estado. Se eu não tiver esse direito, o que é que eu estou fazendo aqui?”, indagou o ministro.
“Vocês viram que a gama de problemas é imensa. Cada um já deu a dimensão do tamanho da melancia azeda que eu vou ter que abrir. […] Eu sou antenado. Não só anoto no papel, como guardo na memória e no coração. Isso é o que me faz estar de pé. Eu guardo, eu registro”, completou.
Segundo o ministro, o INSS é o maior programa de Previdência Social da América Latina, com mais de 37,5 milhões de beneficiários, responsáveis por movimentar mais a economia do que o Fundo de Participação dos Municípios em 70% das cidades brasileiras.
No entanto, o órgão foi alvo de um ataque promovido pelos tubarões do mercado financeiro, apoiados pelos governos ultraliberais que dominaram o país desde o golpe de 2016, com o interesse de favorecer a previdência privada.
GOVERNO GASTOU R$ 800 BILHÕES EM JUROS EM 2022
“Querem discutir Previdência comigo? Eu estou estudando. Eu vou fundo. No ano passado, o custo da Previdência para o governo foi de R$ 800 bilhões. É um valor grande? É! Mas R$ 800 bilhões foi o dinheiro que o governo pagou em 2022 de juros e serviços da dívida interna e externa. A gente tem que escolher lado. Ou a gente está ao lado de mais de 37,5 milhões de brasileiros que se sustentam com a Previdência ou está ao lado de cem banqueiros que se sustentam com o dinheiro público. Nós vamos mudar isso, sabe como? O INSS há 10 anos tinha 30, 32 mil funcionários. Hoje tem 19 mil. Existia quase 6,5 mil médicos peritos. Hoje tem 3,7 mil. Por quê? Era estratégico para destruir o Estado, destruir o direito do trabalhador. Nós temos que reverter isso”, disse.
Entre os compromissos firmados por Carlos Lupi está o de mexer em vespeiros históricos que afligem o Brasil, a exemplo de tentar recuperar R$ 400 bilhões devidos à Previdência por empresários sonegadores de receitas. Outro ponto de enfrentamento são os banqueiros, que ganharam bilhões de reais em privatizações e empréstimos aos aposentados e pensionistas.
“Eu vou suspender todas as decisões tomadas sobre fundos de pensão para analisar. Eles querem ficar com um dinheiro que não é deles. Me convençam e me provem que o dinheiro é deles. Outra coisa, vou mexer nos consignados. Escrevam. Esse pessoal dos consignados é uma exploração absoluta. […] Eu não posso falar muito porque senão me derrubam antes de eu fazer. Primeiro eu tenho que organizar. Mas eu estou com os dois olhinhos nisso daí, porque isso é matar a galinha dos ovos de ouro. Essa gente coloca no mercado R$ 60 bi por mês”, afirmou o ministro.