O artista plástico, escultor, pintor e museólogo Emanoel Araújo morreu na última quarta-feira (7) em sua casa em São Paulo. O diretor do Museu Afro Brasil sofreu um ataque cardíaco fulminante. Segundo um amigo do artista, Araújo foi encontrado morto no escritório de sua residência, onde serviria um almoço para conhecidos. Ele estava com 81 anos.
O velório acontece durante essa quinta (8) no pavilhão do Museu Afro Brasil, que recebeu oficialmente o nome de Araújo, que foi curador-chefe da instituição de sua fundação, em 2004, até sua morte.
Desenhista, ilustrador, figurinista, gravador, cenógrafo, pintor e curador, Emanoel Alves de Araújo nasceu em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, em 15 de novembro de 1940.
Realizou sua primeira exposição individual em 1959 e, na década seguinte, seguiu para Salvador, onde ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Sua primeira premiação nacional foi em 1966, durante uma exposição no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.
Em 1972, recebeu a medalha de ouro na 3.ª Bienal Gráfica de Florença, Itália, e, no ano seguinte, o prêmio de melhor gravador.
Consagrado entre os maiores curadores e museólogos brasileiros, Araújo expôs em várias galerias e mostras nacionais e internacionais, somando cerca de 50 exposições individuais e mais de 150 coletivas. Também atuou como diretor do Museu de Arte da Bahia, entre 1981 e 1983, e diretor da Pinacoteca de São Paulo, de 1992 a 2002.
Neste episódio da SESC TV, Emanoel mostra seus primeiros desenhos e fala sobre seu trabalho mais recente: esculturas geométricas de luz criadas em espaços fechados:
Emanoel ilustrou a capa do livro “Quem é Quem na Negritude Brasileira”, de autoria do Professor Eduardo de Oliveira, do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB). A coletânea traça um perfil de ícones negros brasileiros foi lançada em 1998.
PINACOTECA
O artista também foi responsável pela revitalização da Pinacoteca de São Paulo e a recuperação do espaço público do seu entorno colocando a Pinacoteca no mapa dos grandes museus mundiais, a partir da criação da Associação dos Amigos da Pinacoteca, entidade civil responsável por auxiliar a captação de recursos e a organização de atividades culturais no museu; o incremento de aproximadamente mil novas obras ao acervo da instituição.
Já a contribuição que proporcionou para a visibilidade e protagonismo intelectual da produção artística e dos próprios artistas afro-brasileiros dentro da Pinacoteca, bem como seu incansável trabalho para a salvaguarda dessas produções e para o fortalecimento da história da arte brasileira foi inestimável.
“Quando eu cheguei a Pinacoteca todos os móveis estavam quebrados ou amarrados com arame. O que vi foi um lastimável espaço público de São Paulo. Era uma tragédia. Precisávamos fazer com que a Pinacoteca voltasse a pertencer ao cenário de São Paulo, porque naquela época as pessoas passavam em frente ao prédio da Pinacoteca e se benziam pensando que aquilo fosse uma igreja. E uma das primeiras medidas que tomei foi promover um encontro, uma espécie de seminário reunindo intelectuais como Carlos Lemos, Paulo Almeida Rocha, Ulpiano Bezerra de Menezes, entre outros, para estabelecer um conceito sobre a Pinacoteca. E também para discutirmos tipologicamente a sua nova estrutura”, relatou.
MUSEU AFRO BRASIL
Em 2004, fundou o Museu Afro Brasil, em São Paulo, a partir de sua coleção particular.
“A criação do Museu Afro Brasil se concretizou como resultado de mais de duas décadas de pesquisas e exposições exibindo como negro quem negro foi e quem negro é no Brasil, de séculos passados aos dias atuais. Esta foi, assim, mais uma etapa em um processo em curso”, escreveu Araújo em artigo sobre a concepção da instituição.
Durante sua gestão no Museu Afro Brasil, a exposição “Africa Africans”, da qual foi curador, foi premiada como melhor exposição de 2015 pela ABCA. Como curador independente, sua exposição “Francisco Brennand Senhor da Várzea, da Argila e do Fogo” recebeu o prêmio Paulo Mendes de Almeida, como a melhor exposição realizada no país no ano de 2017.
VEJA A NOTA DO MUSEU AFRO BRASIL:
O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de São Paulo, lamenta informar que o seu curador, o artista plástico e escultor Emanoel Araujo, faleceu nesta quarta-feira (7/9), aos 81 anos.
Ele foi encontrado sem vida por um funcionário do museu em sua residência, no bairro da Bela Vista, região central da cidade de São Paulo, por volta das 10h de hoje.
O Museu Afro Brasil se solidariza com a família e os amigos neste momento de profunda tristeza.
Emanoel Araujo sempre foi um patriota que elevou e divulgou o Brasil e a cultura do nosso país.
Vida e obra
Emanoel Araujo nasceu em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, no 15 de novembro de 1940.
Em 1959 realizou sua primeira exposição individual ainda em sua terra natal. Mudou-se para Salvador na década de 1960 e ingressou na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde estudou gravura.
Sua primeira premiação nacional foi em 1966, por sua participação na II Exposição Jovem Gravura Nacional no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e, no circuito internacional, foi premiado, em 1972, com a medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença, Itália. No ano seguinte, recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor gravador, e, em 1983, o de melhor escultor.
Pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) recebeu o Prêmio “Cicillo Matarazzo” em 1998 e 2007, além do Prêmio Clarival do Prado Valladares, em 2020, ano em que também recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares pela Câmara Municipal de Salvador. Em 2021, foi agraciado com a Medalha Tarsila do Amaral pelo Governo do Estado de São Paulo.
Foi diretor do Museu de Arte da Bahia (1981-1983). Lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York (1988). Entre 1992 e 2002 foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Nos anos de 1995 e 1996 foi membro convidado da Comissão dos Museus e do Conselho Federal de Política Cultural, instituídos pelo Ministério da Cultura. Em 2004, fundou o Museu Afro Brasil, em São Paulo, do qual é Diretor Curador e Executivo até os dias de hoje.
Expôs em várias galerias e mostras nacionais e internacionais, somando cerca de 50 exposições individuais e mais de 150 coletivas.
Durante sua gestão no Museu Afro Brasil, a exposição “Africa Africans”, da qual foi curador, foi premiada como melhor exposição de 2015 pela ABCA. Como curador independente, sua exposição “Francisco Brennand Senhor da Várzea, da Argila e do Fogo” recebeu o prêmio Paulo Mendes de Almeida, como a melhor exposição realizada no país no ano de 2017.
Emanoel Araújo estava trabalhando atualmente para levar ao Museu Afro Brasil, em novembro, uma
exposição temática sobre o bicentenário da independência, entrelaçando duas datas: o 7 de setembro, dia da proclamação da independência do país, na capital paulista, e 2 de julho de 1823, data de efetivação do movimento da independência baiana que efetivou o processo de emancipação do Brasil.
Museu Afro Brasil