O talude da Mina de Gongo Soco, localizado em Barão de Cocais (MG), se movimenta 10 centímetros por dia, segundo os novos laudos técnicos realizados pela mineradora Vale, proprietária do complexo. Anteriormente, a estrutura da barragem se movia de 3 a 4 cm por dia, o que já era motivo de preocupação para as autoridades e a população local.
O medo maior é que o impacto da queda do talude desencadeie um desastre maior, o rompimento da Barragem Sul Superior, localizada a 1,5 quilômetro da encosta em perigo e que está em nível de alerta 3, desde 22 de março, data anterior à detecção dos problemas no talude. O nível 3 significa vazamento iminente.
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O tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil Estadual, não quis se pronunciar sobre o aumento da movimentação da estrutura. Ele disse que cabe à mineradora Vale apurar os possíveis impactos sobre a queda da estrutura.
Godinho disse que um dos maiores receios é que o tremor causado com a queda do talude sirva de gatinho para uma tragédia maior, o rompimento da barragem. Caso isso ocorra, a lama pode chegar até a chamada zona secundária, onde vivem 6.000 pessoas em até 1h12min. Pouco mais de 400 moradores da área de autossalvamento, onde não haveria tempo de o resgate chegar, já foram retirados de suas casas.
Para evitar maiores danos à população da Zona Secundária de Segurança (ZSS) de Barão de Cocais, cerca de 6 mil moradores dos bairros Centro, São Geraldo, São Benedito, Três Moinhos e Vila Regina, a empresa adotou algumas medidas.
Entre elas está o monitoramento por radar e por uma estação robótica do talude. O videomonitoramento é feito em tempo real pela sala de controle em Gongo Soco e no Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG). Quatro equipamentos estão localizados na sala de controle em Gongo Soco e outros dois no CMG. Além disso, a mineradora deu início à terraplanagem para construir um muro de concreto a seis quilômetros da represa e posicionar telas metálicas e blocos de granito a jusante da barragem.
DESABAMENTO INEVITÁVEL
De acordo com a ANM o desmoronamento do talude é inevitável e que devem ser tomadas as medidas necessárias para evitar uma tragédia como a de Brumadinho, em 25 de janeiro, quando, após o rompimento da barragem de rejeitos da Vale, 241 pessoas morreram e outras 29 estão desaparecidas.
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A Vale conseguiu autorização para colocar 200 trabalhadores dentro da mina, que está interditada, para realizar obras de contenção da onda de lama caso a barragem se rompa. O objetivo é conter a velocidade da lama e parte dos rejeitos dentro da mina. Segundo a mineradora, será instalada uma barreira de blocos de granito e, em outro ponto, será construído um muro de 35 metros de altura, também para conter a lama.
A Vale garante que todos os funcionários estão treinados para deixar a área em segurança em caso de emergência. Ainda segundo a mineradora, a previsão é que todas as obras sejam concluídas em novembro.
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