O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) protocolou, nesta sexta-feira (28), a denúncia contra João Teixeira de Faria, o suposto médium João de Deus, acusado de praticar abusos sexuais durante tratamentos espirituais no município goiano de Abadiânia.
João de Deus está preso preventivamente desde o último dia 16 no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana de Goiânia. Ele foi denunciado por quatro casos que englobam fatos investigados pela Polícia Civil e Ministério Público: dois por violação sexual mediante fraude e dois por estupro de vulnerável.
“É uma única denúncia que envolve quatro crimes: dois delitos de violação sexual mediante fraude, que foram praticados no contexto de um atendimento coletivo a essas vítimas, e outros dois delitos de estupro de vulnerável, que foram praticados em atendimentos individuais a outras duas vítimas”, afirmou a promotora Gabriella de Queiroz
Todos os casos datam de 2018, sendo o mais recente de outubro deste ano.
Segundo a promotora, há uma “conexão probatória entre os casos”. “Os depoimentos corroboram o relato de cada crime e não tem como dissociar e estabelecer as testemunhas específicas para cada imputação feita. Elas formam um conjunto. É um quadro só, um quadro de horror que foi desenhado com várias etapas em uma só pincelada”.
Gabriella disse ainda que a denúncia apresentada pelo MP traz casos narrados por 19 mulheres. Deles, dez já decaíram ou prescreveram – ou seja, não são mais passíveis de punição devido ao tempo decorrido desde o suposto crime. Mesmo assim, segundo a promotora, os relatos dessas dez vítimas, na condição de testemunhas, são utilizados na denúncia. Outros cinco casos investigados, de acordo com a promotora, necessitam de diligências complementares.
“É uma infinidade de elementos que traz essa certeza ao Ministério Público de que a negativa do acusado não é verossímil”, disse.
O MP informou ter colhido 78 depoimentos de mulheres que se apresentaram como vítimas de abuso sexual por João de Deus, além de ter recebido cerca de 260 mensagens de “potenciais vítimas” do médium até a última quarta-feira (26).
Esta é a primeira denúncia resultante das investigações envolvendo João de Deus. Agora, caberá à Justiça goiana decidir se o tornará réu pela acusação.
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