A senadora Leila Barros (PSB-DF) manifestou sua discordância com a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que puniu a jogadora de vôlei, Carol Solberg, por ter gritado “Fora Bolsonaro” durante uma entrevista após partida em Saquarema (RJ), no dia 20 de setembro. A punição foi uma multa de R$ 1.000, convertida em advertência.
Leila Barros foi medalhista olímpica de bronze com a seleção feminina de vôlei em Atlanta (1996) e em Sydney (2000), além de secretária de Esportes e Lazer do Distrito Federal.
“Não concordo com a punição, mesmo que tenha sido revertida para uma advertência. O país inteiro assistiu a atletas do vôlei fazendo campanha para o mesmo governo que foi criticado pela Carol Solberg”, disse a senadora.
Para a parlamentar “está na hora de o esporte brasileiro se aprofundar sobre este tema e debater um mecanismo que estabeleça um equilíbrio”.
O presidente da comissão do STJD que julgou Carol Solberg, o advogado Otacílio Soares de Araújo, disse que a advertência seria um “puxão de orelha”.
“O atleta tem que saber que é o grande artista do espetáculo e que tem certas horas em que você não pode falar coisas dentro da quadra de jogo. Dentro da quadra de jogo é errado, senão daqui a pouco vira moda”, afirmou.
No entanto, em 2018, os jogadores da seleção masculina de vôlei, Maurício e Wallace, não manifestaram seu apoio ao então candidato, Jair Bolsonaro. Diferentemente do caso de Carol, os atletas declararam apoio em momento de disputa eleitoral. Curiosamente, estes não receberam nenhum “puxão de orelha”, e menos ainda foram ameaçados a ficar de fora de competições, como defendeu Otacílio no caso de Carol.
Esse não foi o único caso de atletas que declararam apoio a Bolsonaro e que não sofreram qualquer represália por parte da Justiça Desportiva. Outro a declarar apoio a Bolsonaro, enquanto candidato, foi o volante do Palmeiras, Felipe Melo, que em setembro de 2018, declarou apoio a Bolsonaro no final da partida entre o Bahia e o time paulistano.
Em nenhum destes casos o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), ou qualquer outro órgão desportivo, pediu que os atletas fossem punidos.
CENSURA
Em entrevista ao programa do Fábio Porchat, na segunda-feira (19), pelo canal GNT, Carol disse que vai recorrer da decisão do STJD e que se sentiu censurada. Carol defendeu que, assim como qualquer outro cidadão “comum”, os atletas têm que ter respeitado seu direito de se expressar, esse sendo um direito inegociável.
“O atleta tem que poder falar sobre o que ele quiser, essa é minha opinião. A partir do momento em que alguém fala para você o que você pode ou não pode falar isso, para mim é censura. Não tem como ficar negociando muito isso, ‘só posso falar até aqui ou até ali’”, afirmou.