“Não há justificativa para que pessoas que não são presidiários, que não oferecem risco nenhum, que estão no seu próprio País, estarem acorrentadas, e ali subjugadas e maltratadas”, declarou Andrei Rodrigues
A avaliação do diretor-geral da PF (Polícia Federal), Andrei Rodrigues, é de que não há justificativa para que os 88 brasileiros repatriados dos Estados Unidos, na última sexta-feira (24), tenham chegado algemados e acorrentados em solo brasileiro.
“Não há justificativa para que pessoas que não são presidiários, que não oferecem risco nenhum, que estão no seu próprio País, estarem acorrentadas, e ali subjugadas e maltratadas”, afirmou em participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (27).
A cena de alguns passageiros descendo da aeronave em Manaus (AM) algemados e acorrentados pelos pés causou reação do Itamaraty, que prometeu cobrar do governo dos Estados Unidos sobre o procedimento, por violação do acordo entre ambos os países para a deportação de brasileiros ilegais por lá.
“POSTURA DE ACOLHIMENTO”
Embora reconheça que há procedimentos internacionais de segurança que devem ser cumpridos nesses casos, Rodrigues ressaltou que cada país tem o direito de definir suas regras.
“Nós, por exemplo, temos uma análise de risco feita para que, caso a caso, a gente analise se há necessidade ou não de fazer a contenção por algemas das pessoas”, explicou.
Segundo o diretor, o governo federal e o Ministério da Justiça e Segurança Pública optaram pela “postura de acolhimento”.
“REGISTRO DE FATO”
A PF abriu “registro de fato” para averiguar se houve abusos contra os 88 nacionais.
Sobre outros episódios em que brasileiros foram deportados dos EUA, o chefe da PF afirmou que “em nenhum deles os brasileiros desceram em solo nacional algemados e acorrentados”.
Segundo o Itamaraty, o Brasil já pediu várias vezes para as autoridades estadunidenses reconsiderarem o uso de algemas, mas a resposta sempre é de que os acessórios evitam brigas durante o voo ou até mesmo sequestro do avião.
Durante a pandemia da covid-19, quando havia voos semanais de deportados, a discussão voltou à tona, mas o uso das algemas não foi flexibilizado pelos EUA.