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Deputado federal e presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros afirma que o governo Bolsonaro “só beneficiou os grandes embarcadores”, pois até as pequenas empresas estão com dificuldades
O deputado federal Nereu Crispim (União-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, disse que o governo Bolsonaro não fez nada do que dizia para apoiar as pautas dos caminhoneiros e que o novo aumento nos combustíveis vai causar paralisações.
Em 2018, durante o governo de Michel Temer, Jair Bolsonaro gravou e publicou vídeos “dizendo que apoiaria a pauta dos caminhoneiros”, mas quando virou presidente não fez “nada de positivo”, denunciou o deputado.
“Não foi julgada lá no STF [Supremo Tribunal Federal] aquela aquela ADI [Ação Direta de Inconstitucionalidade] do piso mínimo, a política de preços da Petrobrás não foi alterada e não foi implementado o DT-e como um instrumento que poderia desburocratizar e facilitar a embarcação, beneficiando o caminhoneiro”, continuou Nereu Crispim em entrevista ao UOL.
Para ele, o governo Bolsonaro “só beneficiou os grandes embarcadores”, pois até as pequenas empresas estão com dificuldades.
Na avaliação do deputado federal, a categoria vai “naturalmente” realizar paralisações pelo fato do “autônomo não ter condições de pagar as contas, e nem ter dinheiro para girar o caminhão, botar diesel, fazer manutenção”.
“Vão parar porque não conseguem repassar o valor do reajuste para o tomador do frete. É uma questão de sobrevivência”, pontuou.
Seguindo a política de Jair Bolsonaro, a Petrobrás elevou em 24,9% o preço do diesel e 18,8% o da gasolina.
Nereu Crispim afirma que a postura e as ações do governo fez com que acabasse a ilusão de que ele defende os caminhoneiros. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, foi flagrado falando que “é simples assim, alguém vai sair do mercado. Dói, mas é isso”.
Crispim lembrou que o caminhoneiro “é o pai, o avô, que desbravaram esse país afora. Ele [Tarcisio Freitas] não conhece essas pessoas. Elas não têm como, de uma hora para outra, mudar de ramo. Muitos nasceram dentro de uma cabine de caminhão”.
“Então, essa máxima dele serviu para cair a máscara. Ele estava lá a serviço de grandes empresas, como aquela empresa Rumo, que hoje detém quase toda a malha ferroviária do Brasil”, afirmou.
O deputado admitiu que chegou a se iludir com o governo Bolsonaro e teve “várias reuniões com o ministro Tarcísio Freitas”.
“Quando caiu a máscara dele, [e se viu] que ele estava lá para empurrar com a barriga, ganhar tempo para montar exatamente esse tipo de logística em benefício dessas grandes empresas, todo mundo caiu na real”.
“Tanto que teve várias ameaças de paralisação e ele dizia que ia botar o exército na rua para desobstruir as estradas”, concluiu.