Pelo lado israelense foram liberadas três mulheres e oito crianças
No quarto dia de trégua, nesta segunda-feira (27, mais 11 israelenses e 33 palestinas estão em seus lares de acordo com a Cruz Vermelha Internacional.
As três trocas anteriores possibilitaram a libertação de 117 palestinos, entre crianças, mulheres e adolescentes, que estavam encarcerados por Israel por se oporem à ocupação.
Eles foram recebidos com enormes comemorações em Betuinia e Ramallah, na Cisjordânia, ao saírem da prisão israelense de Ofer, situada em terras palestinas.
Também haviam sido libertados 39 israelenses – entre mulheres e crianças – e 19 estrangeiros, a maior parte deles, 17, tailandeses que trabalhavam nos kibutzim próximos a Gaza.
Assim, se completa a troca de 50 israelenses detidos por 150 palestinos presos, como combinado no acordo entre Israel e Hamas mediado pelo Egito e Qatar. Também foram soltos 19 estrangeiros.
No domingo, chegou a haver atraso na troca, após denúncia, feita pelo Hamas, de que Israel não estava respeitando o compromisso de livre acesso da ajuda humanitária ao norte de Gaza, o que acabou resolvido graças à intermediação de diplomatas egípcios e qataris.
Nas últimas horas, o Qatar anunciou a prorrogação da trégua por mais dois dias, já aceita pelo Hamas oficialmente, mas faltando que Israel se manifeste abertamente. Antes, o lado israelense havia admitido a extensão da troca de presos na base de 10 israelenses por um dia de trégua e 30 palestinos.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, saudou a prorrogação. Por sua vez, o representante do Unicef, o fundo da ONU para a infância, descreveu a situação no enclave sitiado como “terrível”, acrescentando que os palestinos em Gaza estão pedindo “água, comida e paz”.
Uma autoridade do Qatar disse que a extensão de dois dias da trégua significa que pelo menos mais 20 prisioneiros israelenses mantidos em Gaza e 60 palestinos detidos em prisões israelenses serão libertados.
Sob intensa pressão internacional – o repúdio nas ruas ao genocídio e limpeza étnica – e interna – contra o desprezo pela sorte dos reféns -, o regime de Netanyahu se viu forçado a contragosto aceitar a trégua de quatro dias e agora, como tudo indica, concorda com sua extensão. As manifestações populares e de governos em todo o mundo exigem que Israel cesse totalmente o massacre de civis perpetrado por 50 dias na Faixa de Gaza.
Para o chefe do bureau político do Hamas, Ismail Haniyeh, o acordo de quatro dias de trégua foi resultado de duras negociações. “O inimigo apostou na restauração dos cativos por meio de armas, matança e genocídio. Mas depois de quase 50 dias, o inimigo se curvou às condições de resistência e à força de vontade de nosso bravo povo”.
REPÚDIO NO FÓRUM MEDITERRÂNEO
Em Barcelona, onde ocorreu o VIII Fórum da União para o Mediterrâneo (UPM), com a presença de 27 ministros dos 43 países que compõem esta organização, o chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrelll, rechaçou o anúncio de que Israel irá destinar mais 43 milhões de dólares para construir novos colonatos na Cisjordânia, isto é, para tentar consolidar o assalto de mais terra alheia na Palestina ocupada.
“Estou horrorizado em saber que, no meio de uma guerra, o governo israelense está disposto a comprometer novos fundos para construir mais assentamentos ilegais”, afirmou Borrell.
“A violência espalhada por colonos extremistas na Cisjordânia, muitas vezes sob a proteção da polícia e do exército israelenses, não torna Israel mais seguro”, disse ele.
Borrell alertou as autoridades do regime israelense que “isso não é autodefesa e não tornará Israel mais seguro”. “Os assentamentos constituem uma grave violação do Direito Internacional Humanitário e constituem o maior problema de segurança de Israel”, ele acrescentou.
Borrell garantiu que “não haverá paz ou segurança para Israel sem um Estado palestino” e pediu para se retome o processo político para um Estado palestino. Ele sublinhou que a solução para o conflito israel-palestina passaria por um acordo que impeça Israel de “recolonizar” Gaza, sob o pretexto furado de aumentar a sua segurança e a continuação da colonização ilegal da Cisjordânia, entre outros pontos.