“Essa interpretação de que Forças Armadas são um poder moderador é completamente equivocada”, destacou o general
“Essa interpretação de que Forças Armadas são um poder moderador é completamente equivocada”, afirmou na quarta-feira (03) o general Alberto Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo do presidente Jair Bolsonaro.
“O nosso elemento moderador é a Constituição federal, não são as Forças Armadas. Essa interpretação é extremamente perigosa, porque ela dá margem até a derivações e interpretações por conveniência etc”, acrescentou Santos Cruz.
“Então”, prosseguiu o general na entrevista ao jornal “O Globo”, “eu não acho conveniente e acho equivocado esse tipo de interpretação. Causa confusão. A harmonia dos Poderes é uma obrigação da Constituição. A população quer segurança, quer assistir as ações do governo com tranquilidade e não com esse tipo de possibilidade de interpretação”.
“A harmonia entre os Poderes não tem nada a ver com Forças Armadas, ela deve partir da boa vontade. Eles (os Poderes do Estado) são os que têm que resolver. A população espera uma discussão de alto nível. Discordância faz parte da democracia, por que se tem uma discordância já tem que falar em Forças Armadas?”, destacou o general.
Santos Cruz falou também da participação de um grande número de militares no governo. “É preciso desmanchar essa confusão de imagem institucional com assuntos de governo. A associação da imagem das Forças Armadas com os assuntos corriqueiros de governo, essas discussões todas de Executivo com STF, não está acontecendo nada de excepcional”, disse.
“Então acho até leviandade associar as Forças Armadas com assuntos que são corriqueiros. O processo democrático é feito desse jogo de pressões. Mas compete somente a eles arrumar uma solução. Essas pessoas (militares que exercem funções no governo) não representam a instituição, não interessa o grau hierárquico. Quem representa politicamente as Forças Armadas é o ministro da Defesa e os comandantes. O pessoal da reserva pode ter a sua opinião, mas não tem nenhuma representatividade institucional”, completou o general.