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A Amazônia teve 2.308 focos de incêndio em junho, segundo dados divulgados na quinta-feira (1º) pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). É o maior registro de queimadas em junho desde 2007, quando o instituto registrou 3.519 focos.
O mês passado ainda apresentou um total de focos 2,6% maior que o de junho de 2020, que já havia registrado recorde histórico. Em 2019 foram 1.880, no ano passado foram 2.248, e agora 2.308.
De maio para junho o número de focos de incêndio quase dobrou. No quinto mês de 2021 foram registrados 1.166 focos de incêndio, um aumento de 49% do que o registrado em maio de 2020. O número em maio deste ano também foi 34,5% superior à média histórica do mês.
Entre maio e junho deste ano, o aumento nos focos de queimadas foi de 98%.
Em 2020, a região teve mais de 100 mil focos de queimadas registrados pelo Inpe, o maior em uma década. Em 2019, também houve aumento das queimadas e o número de focos de calor registrados foi 30% maior do que em 2018.
Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), afirmou que as queimadas na Amazônia são “objeto de criminalidade”.
Na terça-feira (29), o governo federal publicou um decreto, com validade imediata, suspendendo por 120 dias o uso de fogo no território nacional. No entanto, vale ressaltar que o mesmo decreto foi publicado no ano passado e, mesmo assim, o número de queimadas em 2020 foi 15% maior do que o registrado em 2019.
“A Amazônia tem uma floresta úmida, então ela não pega fogo sozinha, dificilmente isso acontece. O que está pegando fogo é a madeira que já foi retirada, são as áreas que já foram desmatadas e que agora são objeto de limpeza de terreno, como dizem os infratores. Esse processo se dá principalmente nas áreas conhecidas como “arco de desmatamento”, onde há proximidade com as áreas já ocupadas para uso agrícola e de pecuária”, explicou Bocuhy.
“Tudo isso que está acontecendo na Amazônia é objeto de criminalidade, e quando o governo determina através de decreto que não se coloque fogo, isso na verdade acaba não sendo cumprido, porque já se tem o processo de desmatamento ilegal e as pessoas só estão finalizando o processo de limpeza do terreno.”
Além disso, segundo o especialista, o envio do Exército nesta região não é uma solução, uma vez que não se tem a expertise do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), por exemplo.
“Primeiro é preciso que se reestruture no âmbito do Ministério do Meio Ambiente a aplicação de multas. É preciso estabelecer mecanismos coercitivos que inclusive sejam de ordem fiscal. Tem que ter penalização econômica e executar essas multas. É necessário também ter fiscalização presente e usar a inteligência e capacidade de conhecimento que tem o Ibama e ICMBio.”
Os dados do Inpe também mostram os focos de incêndio no Cerrado para junho. Foram registrados 4.181 focos no mês, quase dois mil focos a mais do que o registrado na Amazônia. O fogo no Cerrado em junho também foi 58% maior em relação a maio, quando o Inpe detectou 2.649 focos de calor no bioma.