O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou neste sábado (8) de uma caminhada em Campinas, no interior de São Paulo, onde manteve o tom de convocação para o povo continuar a ocupar as ruas de todo o país.
O ato começou no Largo do Pará e foi encerrado com uma grande festa, onde Lula fez um discurso destacando que é preciso devolver a esperança de um futuro melhor para os jovens, com novas oportunidades de estudo e trabalho.
“Precisamos formar nossa juventude, que está sem perspectiva de vida”, ponderou Lula. “Vamos fazer um debate, quero as universidades, os empresários, os trabalhadores participando, para a gente fazer uma revolução e encontrar emprego para essa juventude nesse famoso mundo digital, do qual tanto se fala mas que não conseguimos tirar dele o sustento necessário ao povo pobre”.
“Temos de ter clareza: não existe, na história da humanidade, nenhum país que se desenvolveu sem antes investir em educação e ciência e tecnologia”, esclareceu Lula, ao destacar que a formação dos jovens brasileiros será prioridade número um de seu governo. “Ontem a senadora Simone fez uma proposta, ela quer que o ensino médio vire profissionalizante. Vamos garantir isso para a juventude”, assegurou.
Lula homenageou o Dia do Nordestino, comemorado hoje, dizendo do orgulho de ser pernambucano. “Além de ser brasileiro sou nordestino e nós conseguimos provar que é possível melhorar esse país”, disse. Lula condenou o ataque de Bolsonaro ao povo da região e afirmou que os que têm origem no Nordeste não deveriam dar voto ao atual presidente. “Eu queria saber quem aqui tem algum parente nordestino. O genocida disse que não gosta de vocês. Quem tem uma gota de sangue do Nordeste não vota nele”.
Lula também criticou a intolerância religiosa e o uso indevido da máquina pública por Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da corrida nas eleições presidenciais.
“Nós estamos fazendo uma campanha numa certa anomalia, porque nós temos um cidadão que está exercendo a presidência que está utilizando a máquina do governo para fazer campanha. Ele está agindo como se o Brasil fosse coisa particular dele, em que ele faz do jeito que ele quer na medida em que ele tenta ganhar voto”, disse.
Nesta semana, Bolsonaro usou o Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência da República, para anunciar apoio de governadores, além de receber parlamentares de sua base política.
Acompanhado pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), seu vice na chapa Coligação Brasil da Esperança, e por Fernando Haddad (PT), candidato ao governo de São Paulo, ele condenou a postura de Bolsonaro em relação às religiões. “A intolerância religiosa virou política de Estado no Brasil. E isso tem repercussões na violência.”
O ex-presidente falou ainda sobre apoio de outras correntes políticas em defesa da democracia e comentou o “nervosismo” de Bolsonaro em declarações recentes.
“O caminho da volta à democracia é a nossa vitória nas eleições. Todos que brigaram pela democracia estão do meu lado. E aqueles que são favoráveis à ditadura e à tortura estão com o meu adversário. Estou muito tranquilo. Essa é a tranquilidade de quem sabe que vai ganhar as eleições. O meu adversário está esbravejando”, observou.
COLETIVA
Antes da caminhada, Lula concedeu uma entrevista coletiva. Ele falou da importância da grande frente democrática que foi formada em torno da chapa Lula-Alckmin. “Vamos ganhar porque a sociedade enxerga em nós a saída que o país precisa, enxerga um campo democrático que envolve toda a sociedade”, argumentou.
Lula lembrou que a luta democrática de hoje remonta a manifestações históricas como a luta pelo fim da ditadura e as Diretas Já!. “Todos que brigaram para reconquistar a democracia, todos os que estiveram no palco das Diretas estão comigo”, destacou.