A psicóloga, professora, filósofa e escritora, Olga Sodré, filha do historiador Nelson Werneck Sodré, faleceu neste domingo (26) na cidade de Itu, onde residia e era muito respeitada como uma grande personalidade
A psicóloga, Olga Sodré, escritora e professora, filha do historiador marxista Nelson Werneck Sodré, morreu aos 82 anos na cidade de Itu, no interior de São Paulo, onde residia, na tarde deste domingo (26).
Ela era doutora em filosofia (Paris – Sorbonne), com tese sobre a filosofia indiana, e doutora em psicologia clínica, pela PUC-Rio, com tese sobre o diálogo inter-religioso monástico. Olga atuou também como Diretora de Esportes, Recreação e Lazer da Secretaria de Desenvolvimento Social (RJ), professora na PUC-RJ e na UEG (atual UERJ).
Foi autora de diversos livros e também tem como título um pós-doutorado em filosofia (Instituto Católico de Paris), um pós-doutorado no Instituto de Medicina Social da UERJ, e integra o Grupo de Trabalho Psicologia e Religião da ANPEP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação). Em 2018 lançou seu terceiro romance intitulado “Desvendando os Mistérios dos Céus: Nossos Heróis das Galáxias”.
Olga foi também consultora e pesquisadora em instituições brasileiras e estrangeiras, entre elas: Divisão de Política Científica (UNESCO), Laboratório de Psicologia Social (EHESS – Paris), Associação de Prevenção da Delinqüência (DASS – Paris), Faculdade de Ciências Humanas Clínicas (Paris VII – Sorbonne).
A professora Olga era uma pessoa muito querida na redação da Hora do Povo e também demonstrava um grande agradecimento aos seus integrantes pela ajuda que o atual diretor do HP, na época chefe de redação, o jornalista Carlos Lopes, e seus companheiros deram para que seu pai, Nelson Werneck Sodré, viabilizasse a publicação de seu livro “A Farsa do Neoliberalismo”.
O livro, uma contundente denúncia do caráter parasitário e farsante deste modelo imposto ao Brasil, foi publicado na década de 90, uma época em que obras que combatiam firmemente as políticas neoliberais, como muito bem fez o general Nelson Werneck Sodré – um dos maiores historiadores do Brasil – eram discriminadas e tinham dificuldades em conseguir uma divulgação mais ampla.
Olga Sodré foi também curadora da obra de seu pai e organizou as comemorações de seu centenário em 2011. Ela contribuiu ainda para a criação do Centro de Estudos Brasileiros no Instituto Cultural de Itu e a manutenção da estreita ligação de um dos maiores intelectuais brasileiros com a cidade do interior paulista.
Recentemente, Olga lançou um livro de reflexão sobre o trabalho de seu pai. O livro tem o título “Memória viva e interatividade: testemunhos atuais sobre Nelson Werneck Sodré” e foi organizado por ela. Ela conta no livro a influência que recebeu dele e a convivência que manteve durante muito anos com suas ideias.
“Meu pai desvendou a esfinge, o rosto do Brasil”, disse ela, em entrevista a uma emissora de TV na cidade de Itu. “Ele atuou no ISEB ( Instituto Superior de Estudos Brasileiros), este era um instituto onde havia intelectuais de todas as tendências, todos refletindo sobre o que seria o desenvolvimento brasileiro”, contou a escritora.
Seguindo os passos do pai, a professora defendeu de forma destemida posições democráticas e republicanas ao longo de toda a sua vida, especialmente nos últimos anos. Contribuiu muito para a luta democrática e para a preservação dos livros e escritos do historiador, que, segundo ela, “produziu uma obra que é um pensamento sobre o que seria o Brasil, sobre o que é a nação brasileira”. “Meu pai defendia o nacionalismo verdadeiro e buscou refletir, junto com seus contemporâneos, qual era o projeto de desenvolvimento da nação brasileira”, destacou.