Casos da Covid-19 na América Latina estão “dobrando a cada 3 ou 4 dias”, diz a chefe da equipe técnica do programa de emergências da OMS
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou nesta quarta-feira (22) que a maioria dos países ainda está na fase inicial da pandemia do novo coronavírus – e que ela ainda deve durar “um longo tempo”.
“Não se enganem: temos um longo caminho a percorrer. Este vírus estará conosco por um longo tempo”, alertou Tedros.
Após afirmar que a maioria do surtos na Europa Ocidental parece estar se estabilizando ou em declínio, Tedros advertiu que “um dos maiores perigos que nós enfrentamos agora é a complacência”.
“Não há dúvida de que as ordens de ficar em casa e outras medidas de distanciamento físico suprimiram a transmissão com sucesso em muitos países. Mas esse vírus continua extremamente perigoso”, assinalou Tedros.
“As primeiras evidências sugerem que a maioria da população do mundo permanece suscetível. Isso significa que epidemias podem facilmente ressurgir”, alertou, acrescentando que há países que foram afetados no início da pandemia e que agora então tendo ressurgimento de casos, embora sem especificar quais são.
A coletiva de imprensa diária da OMS sobre a Covid-19 também advertiu sobre as “tendências ascendentes” da Covid-19 em algumas das regiões mais pobres do mundo, com a líder técnica do programa de emergência da OMS, Dra. Maria van Kerkhove, destacando que casos dobram “a cada 3 ou 4 dias” na América Latina.
“O que estamos vendo é que uma vez que vírus tenha oportunidade de se fixar e ser transmitido entre as pessoas, se medidas não forem adotadas, então pode se espalhar muito, muito rápido. E você vê casos dobrando a cada 3 ou 4 dias, o que é incrivelmente rápido”, declarou van Kerkhove.
“TESTE, ISOLE, TRATE E RASTREIE”
Tedros enfatizou que “as mesmas medidas de saúde pública que temos advogado desde o início da pandemia” devem continuar sendo “a espinha dorsal da resposta em todos os países”.
“Ache cada caso; Isole cada caso; Teste cada caso; Cuide de cada caso; Rastreie e ponha em quarentena cada contato; E eduque, mobilize e empodere seu povo”.
Tedros sublinhou que “países que não fazem essas seis coisas centrais, e de forma consistente, verão mais casos e mais vidas serão perdidas” e que a contenção da pandemia “não pode ser efetiva sem mobilizar a população”.
Para que não houvesse qualquer dúvida sobre qual é a orientação da OMS contra a pandemia, Tedros resumiu em “achar e testar cada caso suspeito, não cada pessoa de uma população”.
O diretor-geral da OMS disse ser compreensível que as pessoas nos países com ordens de ficar em casa estejam frustradas de estarem confinadas em suas casas por semanas sem fim e queiram seguir em frente com suas vidas. “É isso o que a OMS quer, também. E pelo que estamos trabalhando, todos os dias, a cada dia”, afirmou.
Acrescentou, porém, que não haverá volta ao modo que as coisas eram. “Deve haver um ‘novo normal’ – um mundo que seja mais saudável, mais seguro e melhor preparado”.
ÁFRICA PREOCUPA
O Dr. Tedros manifestou sua preocupação com as “tendências ascendentes na África, América Central e do Sul e Europa Oriental”, da pandemia. “A maioria dos países ainda está nos estágios iniciais”, apontou.
O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, destacou que houve “um aumento de quase 250% no número de casos no Sudão na última semana. Na Somália, quase 300%. E em muitos outros países, como Tanzânia, Mali, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, Cabo Verde e Eritreia, aumentos de mais de 100% na última semana”. Nos demais, entre 30% e 90%”.
“Estamos no começo na África. Eu acredito que com um foco em preparação, em vigilância, em mobilização de comunidades e sem dúvidas uma capacidade de inovação para a ciência na África, podemos evitar o pior dessa pandemia”, afirmou o diretor de emergências da OMS.