Ronnie Lessa está entre os alvos da Operação Florida Heat, da Polícia Federal, realizada em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro e apoio da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos nesta terça-feira (15).
O PM reformado já está preso, acusado de ser o executor da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, em 2018.
Na nova investigação, ele é acusado de participar do tráfico internacional de armas.
A ação da PF é realizada em conjunto com o MPF (Ministério Público Federal), Ministério Público Estadual, Gaeco/RJ e apoio da Unidade de Polícia Pacificadora — UPP Macacos, e ocorre simultaneamente no Brasil e no estado da Flórida, nos EUA e tem como objetivo de desarticular organização criminosa voltada ao tráfico internacional de armas dos Estados Unidos para o Brasil. O nome da operação faz referência ao estado americano de onde as armas eram enviadas ao Brasil.
Segundo o MPF, ao chegar ao Brasil, os armamentos eram posteriormente distribuídos para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel.
Lessa já foi apontado nas investigações do assassinato de Marielle como fornecedor de armas para a milícia no Rio de Janeiro.
A defesa de Ronnie Lessa disse que “soube pela mídia da operação da Polícia Federal” e, “logo, não tivemos nenhum contato com qualquer elemento da investigação”, complementam.
“As investigações, que já duram cerca de dois anos, desvendaram a existência de um grupo responsável pela aquisição de armas de fogo, peças, acessórios e munições nos EUA e, posterior, envio ao Brasil”, disse a PF.
O armamento chegava ao Brasil em contêineres pelo mar ou em encomendas postais, por via aérea. Na maioria das vezes, o material era escondido dentro de máquinas de soldas e impressoras, despachados juntamente a outros itens, como telefones, equipamentos eletrônicos, suplementos alimentares, roupas e calçados.
As armas eram levadas para os estados do Amazonas, São Paulo e Santa Catarina e tinham como destino final uma residência em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, que foi um dos endereços vistoriados pela PF, nesta terça. Desta casa, as armas eram retiradas dos equipamentos e depois eram distribuídos para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel.
O dinheiro usado na compra era enviado através de doleiros. Um brasileiro, dono de churrascarias na cidade norte-americana de Boston, é suspeito de repassar o dinheiro para outras pessoas nos Estados Unidos.
Já o dinheiro obtido com a revenda das armas aqui no Brasil era investido em imóveis residenciais, criptomoedas, ações, veículos e embarcações.
Outras duas pessoas foram presas nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, e a operação já tem seis dos sete mandados cumpridos. Três desses mandados foram executados nos Estados Unidos, e a situação de um dos presos na operação ainda não foi definida, pois possui cidadania americana.
O sétimo mandado não foi cumprido, pois no Brasil, há um foragido.
Um homem foi preso em Vila Isabel. Entre os presos está uma mulher de 88 anos, identificada como a mãe de um dos principais alvos da operação, que está nos Estados Unidos.
Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro e são cumpridos pelos agentes no Rio de Janeiro, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde Lessa está preso, e em Miami, nos Estados Unidos, com cooperação da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos.