O ex-ministro Antonio Palocci revelou que o dono do banco BTG Pactual, André Esteves, conhecido como o banqueiro favorito do PT, deu R$ 5 milhões para cobrir custos da campanha de Dilma Rousseff à presidência da República em 2010, para ser alçado à condição de “banqueiro do Pré-sal”.
O depoimento do ex-ministro, prestado há mais de um ano como parte de um acordo de colaboração premiada firmado com a Polícia Federal, que tramita em Curitiba, serve como base para novas investigação sobre os desvios na Petrobrás.
A história contada por Palocci consta do termo de colaboração 7 do conjunto de depoimentos. O documento tem data de 17 de abril de 2018 e trata de operações financeiras relativas ao financiamento da construção de navios-sonda que atuariam nos campos de petróleo em alto mar.
De acordo com Palocci, em 2010, antes das eleições presidenciais, quando atuava na coordenação da campanha de Dilma, ele procurou os principais bancos do país com o objetivo de fazer a estruturação financeira da operação do pré-sal.
Ele disse à PF que as conversas com todos os bancos foram feitas em “tons republicanos”, “exceto com o BTG”, com o qual eram “mais fluidas”.
Palocci disse na delação que foi feito um chamamento público para as instituições bancárias apresentarem projetos de engenharia, e, embora não houvesse ainda contrato do pré-sal, a ideia era aproveitar o esforço na cobrança de valores para a campanha presidencial. O ex-ministro contou que tratou de doações com Santander, BTG e outros bancos para a campanha de 2010, último ano do segundo mandato de Lula.
Conforme o relato, após a eleição de Dilma o banqueiro se reuniu com Palocci na consultoria Projeto, que pertencia ao petista, e informou que “gostaria de consolidar definitivamente o relacionamento do BTG com o PT, com o colaborador (Palocci), com Lula e com (a futura presidente) Dilma (Rousseff), tornando-se o banqueiro do Pré-sal”.
Para isso, ofereceu-se “para realizar qualquer operação de mercado de interesse do governo” e disponibilizou R$ 15 milhões em espécie para o partido.
Uma semana depois da conversa, Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, teria se encontrado com o próprio Esteves na sede do BTG, em São Paulo. Saiu de lá, segundo a delação, com os R$ 5 milhões, que foram usados para pagar a fornecedores de campanha.
O ex-ministro revelou ainda que uma parte dos recursos, R$ 250 mil, foi destinada ao pagamento de despesas de viagem para Dilma descansar após a eleição.
André Esteves chegou a ficar 23 dias preso naquele em 2015, quando seu nome foi citado em conversas em um esquema que seria capitaneado pelo ex-senador do PT Delcídio do Amaral para obstruir investigações da Operação Lava Jato. Sem provas além da menção do seu nome em conversas gravadas, a prisão de Esteves foi revertida, e o caso, encerrado pelo Supremo Tribunal Federal.
O depoimento de Palocci e negado por alguns dos citados. O ex-ministro apresentou anotações em agendas para confirmar suas declarações e também disse que seu motorista pode comprovar o encontro dele com as pessoas citadas em sua colaboração premiada. Segundo a reportagem da “Folha”, Esteves não quis se manifestar.