O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tentou pintar de rosa a magnitude do desastre provocado pelo rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, afirmando que a tragédia é um episódio que deve servir para “agregar no futuro” e que “não se pode conviver com o passado”.
Sobre cobrar e punir a Vale e os responsáveis pela barbaridade cometida, ele relativizou e foi apenas protocolar no seu pronunciamento: “Se elas erraram…”. A essa altura do campeonato, o governador ainda tem dúvida de que a Vale errou.
Até agora, o desastre ocorrido no dia 25 de janeiro deixou um rastro de destruição e um saldo 231 pessoas mortas (segundo dados da Polícia Civil de Minas Gerais até a quinta-feira, 18) e outras 46 que ainda estão desaparecidas. A declaração do governador aconteceu durante a abertura do seminário sobre o futuro da mineração, realizado em Nova Lima (MG) na quarta-feira (17).
“Nós queremos que essa tragédia venha a agregar no futuro para o estado. Temos que lamentar as vítimas? Lógico. Mas, não podemos conviver com o passado, temos de estarmos olhando para o futuro. Queremos com isso que a economia de Minas venha se diversificar mais, a mineração sempre foi, continuará importante, mas outras atividades precisam surgir e dinamizar nossa economia”, afirmou Zema.
O governador também se definiu como um otimista e disse que a tragédia de Brumadinho foi “um ponto fora da curva, que serve de reflexão”, mas que “a longo prazo, década após década, a tendência tem sido só de melhorias”.
Zema defendeu ainda que “o negativo seja transformado em positivo” e falou sobre a necessidade de adoção de tecnologias que excluam novos riscos nas atividades do setor. O governador apontou, no entanto, que é obrigação das empresas reverter o quadro que caracterizou como de “demonização” da mineração.
“O próprio nome do nosso estado advém desse setor. Ele é extremamente relevante, passou e ainda passa por um processo de demonização e que cabe às próprias empresas reverter. Se elas erraram, precisam pagar por isso, precisam ser punidas, mas como chefe do poder executivo eu tenho total obrigação de mostrar que, mundo afora, existem opções diferentes daquelas que foram adotadas aqui e que nós podemos fazer uso. Recursos tecnológicos, processos mais seguros, que com certeza dependem das empresas adotarem aqui para que venhamos a ter uma mineração diferente”, disse.
Ele destacou que é possível transformar a “tragédia em um futuro melhor”. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que também participou do evento, reforçou o discurso do governador e defendeu a mineração como propulsora da economia no estado e no país. Salles afirmou que a atividade não pode ser “demonizada”. Não foi a Vale que demonizou a atividade, com seu descaso pela vida de moradores e funcionários, pelo meio ambiente, somente pensando nos negócios?
A Vale é reincidente em desastres. A Samarco – subsidiária da Vale, em sociedade com a BHP, a quem pertencia a barragem de Fundão, em Mariana, cujo rompimento destruiu o distrito de Bento Rodrigues, matou 19 pessoas na tragédia. Brumadinho foi o sexto município de Minas Gerais atingido pelo rompimento de uma barragem com rejeitos de mineração. Outros rompimentos aconteceram em Itabirito, Miraí, Muriaé, Cataguazes, e Mariana.
Não se tem registros de tragédias, como a de Brumadinho, no período em que a Vale era estatal. Ela foi privatizada em 1997 por 3,388 bilhões de reais, enquanto geólogos da Companhia de Pesquisas de Reservas Minerais – CPRM (hoje Departamento Nacional de Pesquisas Minerais – DNPM) a avaliavam em R$ 1,7 trilhão (cf. Leo de Almeida Neves “Compromissos da Vale com o Brasil” – 20/04/2011).
Outro ministro presente, Bento Albuquerque (Minas e Energia), seguiu na mesma linha, defendendo a importância do setor para a economia. Ele citou que a mineração representa 4% do PIB e foi 21% das exportações brasileiras em 2018.
“Apesar de estarmos acometidos por um momento desfavorável, a atividade de extração do minério de ferro, em razão da paralisação de parte considerável de suas operações, com grande impacto econômico e social, devemos enfrentar esse cenário não apenas como um momento de crise, mas como um momento para reflexões e oportunidades”, declarou.
WALTER FÉLIX
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São uns vira Latas, puxas saco dos assassinos da vale. A dor de quem perdeu um parente, sua casa e seus pertences não estao afundados do passado. A dor é presente todos os dias quando se ama.
CALHORDAS, ASSASSINOS!
A Vale não errou nem um tiro e matou pessoas, famílias, animais e o meio ambiente.
Que decepção Zema !