
A Polícia Federal apreendeu, em operação na quinta-feira (8), o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros envolvidos na tentativa de golpe de estado para impedir a fuga do país.
O advogado de Bolsonaro, Paulo Bueno, confirmou que o documento foi apreendido na sede do PL, em Brasília.
Os agentes da PF cumpriram, desde a manhã desta quinta, 33 mandados de busca e apreensão e 4 de prisão. As ações foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para conduzir as investigações, a PF pediu que fossem impedidos de sair do país, mediante entrega do passaporte, Jair Bolsonaro, dos ex-ministros da Justiça, Anderson Torres, da Casa Civil, Walter Braga Netto, e da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, e de outros investigados.
Segundo a Polícia Federal, quando “frustrada a consumação do Golpe de Estado por circunstâncias alheias à vontade dos agentes, identificou-se que diversos investigados passaram a sair do país, sob as mais variadas justificativas (férias ou descanso) como no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro da justiça Anderson Torres”.
O ministro Alexandre de Moraes comentou que “o desenrolar dos fatos já demonstrou a possibilidade de tentativa de evasão dos investigados”, especialmente com o “aprofundamento das investigações que vêm sendo realizadas”.
A investigação se baseou na delação premiada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, e descobriu que a cúpula do antigo governo discutiu um golpe de estado para manter o ex-presidente no poder.
O decreto, que passou pelas mãos do ex-presidente, previa a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para, no fim, exigir novas eleições.
Um relatório da PF conta que as provas colhidas “revelaram que Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de Decreto” e até fez alterações no texto.
Para a consumação da prisão de Alexandre de Moraes, quando o golpe fosse dado, o ministro do STF foi monitorado pelo antigo governo. A PF comparou os dados de voos de Moraes com aqueles obtidos pelo “monitoramento” dos golpistas e concluiu que “os atos relacionados à tentativa de Golpe de Estado e Abolição do Estado Democrático de Direito estavam em execução”.
O monitoramento foi chefiado pelo ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
O governo Bolsonaro montou dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) uma estrutura paralela de espionagem, que também está sendo investigada pela PF.