A Polícia Federal indiciou o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e seu filho, o deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE), pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, associação criminosa, falsidade ideológica eleitoral e omissão de prestação de contas.
A delegada Andrea Pinho Albuquerque da Cunha, que redigiu o relatório, pede o bloqueio de R$ 20 milhões de Fernando Bezerra e seu filho.
De acordo com o relatório, o senador bolsonarista recebeu, entre 2012 e 2014, R$ 10,4 milhões das empreiteiras OAS, Barbosa Mello, S/A Paulista e Constremac.
Bezerra, que era ministro da Integração Nacional do governo Dilma Rousseff, recebeu a propina “em contrapartida à execução de obras atreladas ao Ministério da Integração Nacional”.
“O recebimento de tais valores ocorreu por um intrincado esquema de movimentação financeira ilícita, como também ocultação de ativos obtidos por meio criminoso, com a crível finalidade de integrar patrimônio adquirido de forma escusa”, diz a PF.
A propina era repassada para o então ministro através de uma revendedora de automóveis em Petrolina (PE) de um familiar. As mensagens obtidas pela PF em operações de busca e apreensão mostram que era Fernando Bezerra quem controlava de fato a revendedora.
Segundo a PF, “a OAS também pagou parte das vantagens indevidas por meio de doações oficiais às campanhas políticas dos candidatos ou a seus partidos”.
“Restou demonstrado que Fernando Bezerra de Souza Coelho e Fernando Bezerra de Souza Coelho Filho receberam direta e indiretamente R$ 10.443.900,00 pagos pelas empreiteiras OAS, Barbosa Mello e Constremac/Mendes Júnior entre os anos de 2012 a 2014”.
O intermediador dos pagamentos era o assessor de Bezerra, Iran Padilha Modesto, que atuava na “arrecadação de receitas para as campanhas de integrantes da família Coelho” e na “operacionalização do recebimento da propina paga pelas empreiteiras executoras de obras”.
Os R$ 20 milhões que a PF pede para que sejam bloqueados se referem aos valores recebidos em propina corrigidos pela inflação.
“Diante da gravidade dos fatos revelados nesta investigação, e tendo em vista a ciência dos investigados das imputações que lhes são feitas, necessária a adoção de medidas assecuratórias, para evitar a dilapidação de bens que podem vir a reparar, ainda que em parte, os prejuízos causados ao erário público em decorrência das ações criminosas cujas evidências foram apresentadas”, argumenta a delegada Andrea.
Fernando Bezerra é um dos senadores que atua na CPI da Pandemia para tentar blindar o governo Bolsonaro.
Na sessão da terça-feira (8), na qual foi ouvido o depoimento do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Fernando Bezerra disse que existe uma “criminalização da política” nascida a partir da Operação Lava Jato.
O mais importante seria uma PEC que redefinisse o papel das Forças Armadas no país.