A Polícia Federal intimou a candidata a deputada federal Maria de Lourdes Paixão, usada como “laranja” pelo PSL de Jair Bolsonaro, a prestar esclarecimentos à superintendência do órgão em Pernambuco sobre a verba de R$ 400 mil em dinheiro público que ela recebeu da legenda nas vésperas da eleição de 2018. O depoimento está marcado para as 11 horas desta quinta-feira (14), no Recife.
O partido destinou à candidata, que obteve apenas 247 votos, a terceira maior verba do fundo partidário da sigla – mais do que o próprio Bolsonaro recebeu. O dinheiro foi enviado para a conta de Maria de Lourdes no dia 3 de outubro de 2018, quatro dias antes da eleição. Apesar de ser campeã de verba pública do partido, Lourdes teve uma votação de candidatura de fachada, pois não demonstra empenho efetivo na busca de votos.
A prestação de contas da candidata sustenta que 95% dos R$ 400 mil foram usados para a impressão de 9 milhões de santinhos e 1,7 milhão de adesivos. Todos esses materiais teriam sido distribuídos por apenas quatro panfleteiros que ela diz ter contratado. Sendo assim, cada um dos quatro panfleteiros teria que distribuir, só de santinhos, 750 mil unidades por dia – mais especificamente, sete panfletos por segundo, no caso de trabalharem 24 horas ininterruptas. Ver Candidata-laranja de Bolsonaro recebeu 400 mil para campanha que não fez
Depois a candidata-laranja tentou fazer um arranjo na explicação, pois estava impossível de engolir. Disse que distribuiu com apoio da militância uma semana antes da eleição. Outra mentira, porque a verba chegou no dia 3 de outubro. Mesmo ela tendo depositado o dinheiro para confecção do material na gráfica no mesmo dia e ainda que no mesmo dia o material tivesse ficado pronto, o que é impossível, sobrariam uns dois dias de campanha, já que a votação foi no dia 7 de outubro. Na véspera da eleição não se pode distribuir material e no dia menos ainda.
Segundo nota da Polícia Federal de Pernambuco ainda não existe nenhuma investigação em andamento sobre o caso nem mesmo inquérito policial. Estão sendo coletadas informações preliminares “a fim de subsidiar uma eventual solicitação à Justiça Eleitoral, para o início das investigações e delineamento de atribuição investigatória”.
Jair Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre o assunto. Ele segue internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
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