Construservice é a segunda empreiteira que mais recebeu recursos da Codevasf, abastecida com dinheiro do orçamento secreto. PF apreendeu relógios de luxo e R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo
A Polícia Federal realizou 16 mandados de busca e apreensão e um de prisão em uma investigação sobre crimes realizados na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que foi entregue por Jair Bolsonaro a corruptos em troca de apoio.
A operação foi realizada nesta quarta-feira (20) em municípios do Maranhão. Um “sócio oculto” da Construservice, empreiteira que é a segunda que mais recebe verba e obras da Codevasf, Eduardo José Barros Costa, foi preso.
A Construservice passou a ser contratada pela estatal em 2019, depois que Bolsonaro assumiu a Presidência, e usou empresas laranjas para fraudar licitações.
A PF está investigando um “engenhoso esquema de lavagem de dinheiro, perpetrado a partir do desvio do dinheiro público proveniente de procedimentos licitatórios fraudados”. Durante a operação, foram apreendidos relógios de luxo e R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo.
A Construservice usava empresas de fachada, com nome e CPF de outras pessoas, para apresentar propostas em licitações da Codevasf. Em todas as competições que foram forjadas, a empresa vencedora era a Construservice.
“São constituídas pessoas jurídicas de fachada, pertencentes formalmente a pessoas interpostas, e faticamente ao líder dessa associação criminosa, para competir entre si, com o fim de sempre se sagrar vencedora das licitações a empresa principal do grupo, a qual possui vultosos contratos com a Codevasf”, explicou a PF.
A Codevasf está recebendo bilhões do “orçamento secreto” para gastar em obras indicadas anonimamente por parlamentares que venderam seus votos para o governo Bolsonaro.
Em 2018, o orçamento da estatal era de R$ 1,3 bilhão, mas esse valor saltou para R$ 3,4 bilhões por conta do orçamento secreto. As emendas, no total, saltaram de R$ 302 milhões para R$ 2,1 bilhões em três anos.
Desde 2019, quando contratou pela primeira vez a Construservice, a Codevasf já reservou para a empresa R$ 140 milhões.
A estatal foi entregue por Jair Bolsonaro a Marcelo Moreira, aliado do deputado Elmar Nascimento (BA), que era líder do DEM na Câmara.
Moreira, enquanto presidente da Codevasf, teve uma reunião oficial com Eduardo José Barros Costa, que foi preso pela PF na quarta.
O empresário criminoso também é conhecido como “Eduardo Imperador” e “Eduardo DP”.
Ele tem ligações diretas na organização da Construservice, mas seu nome não aparece em nenhum registro da empresa.