Delegado que Bolsonaro quer no lugar de Valeixo é “de casa” e tem grande intimidade com Carlos, o “zero dois”
As denúncias feitas por Sérgio Moro contra Jair Bolsonaro e as provas já apresentadas por ele, levaram a Procuradoria Geral da República (PGR) a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar as graves revelações de que Bolsonaro fez pressão junto ao ministério pela troca do comando da PF com o intuito de controlar as investigações e proteger seus filhos.
Juristas, personalidades e parlamentares estão cobrando que o STF faça uma apuração rigorosa dessas denúncias já que, com a demissão de Moro, Bolsonaro está consumando sua intenção de interferir na Polícia Federal com o objetivos escusos.
O ministro Celso de Mello foi sorteado para relator deste inquérito e a PGR já sugeriu como primeira diligência uma oitiva com o próprio ex-ministro Sérgio Moro. No Congresso Nacional também já há movimentações no sentido de abrir investigações sobre as atitudes do presidente.
Quando o Supremo Tribunal Federal passou a sofrer ameaças, foi aberto um inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes para investigar a sua origem. O ministro acionou a Polícia Federal para investigar esses ataques. O cerco da PF começou a se fechar sobre o esquema criminoso comandado por Carlos Bolsonaro.
As movimentações de Bolsonaro para controlar a Polícia Federal se aceleraram depois que o inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, para investigar os esquemas de fake news contra integrantes do STF, apontaram na direção de Carlos Bolsonaro e do “gabinete do ódio”, coordenado por ele.
Mais recentemente, após os atos contra a democracia, outro inquérito foi aberto e, novamente, o relator sorteado foi o ministro Alexandre de Moraes.
No último dia 19 de abril, Jair Bolsonaro discursou de cima da carroceria de uma caminhonete e deu apoio a manifestantes num desses atos que pediam a volta da ditadura. O repúdio da sociedade foi muito forte. Diversos setores da sociedade se manifestaram contra os atos, assim como repudiaram a presença e o apoio do presidente da República aos manifestantes.
Mais uma vez as investigações da PF apontaram para deputados bolsonaristas, empresários e para o gabinete do ódio, comandado por Carlos Bolsonaro. Empresários que financiam o “gabinete do ódio” teriam bancado também as convocações dos atos contra o STF e o Congresso.
Assim que surgiram essas notícias se intensificaram as pressões de Jair Bolsonaro para que o ministro Sérgio Moro trocasse o diretor-geral da Polícia Federal. Sua intenção era nomear para o cargo o atual diretor da Abin, Alexandre Ramagen.
Na troca de mensagem, revelada por Moro, entre ele e o presidente, aparece Jair Bolsonaro pressionando abertamente pela troca do comando da Polícia Federal. Há um comentário de Bolsonaro sobre uma notícia de que a PF estaria investigando deputados bolsonaristas e o presidente diz explicitamente: “mais um motivo para a troca”.
Ou seja, sua intenção estava clara: fazer uma intervenção na PF. Queria colocar o chefe da Abin, um amigo íntimo de Carlos, no comando da PF para impedir que as investigações sigam avançando e cheguem nos filhos.
Como Moro não estava disposto a ceder nesta questão, Bolsonaro radicalizou e nomeou Ramagem.
Um pequeno histórico de quem é Alexandre Ramagem
Durante a campanha eleitoral de 2018, o delegado Alexandre Ramagen, da Polícia Federal, assumiu a chefia da segurança do então candidato a presidente Jair Bolsonaro. Próximo do “02”, ele passou a frequentar a intimidade da família Bolsonaro.
Em dezembro de 2018, Alexandre Ramagen é visto em uma animada festa de fim de ano junto com Carluxo e seu primo Léo Índio (foto), os dois coordenadores da milícia digital bolsonarista.
Logo após a posse de Bolsonaro, Alexandre Ramagem é nomeado para o cargo de assessor especial da Secretaria de Governo, comandada na época pelo general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
O ‘02” e seu primo, Léo Índio, atuam juntos no que a ex-líder do governo na Câmara, deputada Joice Hasselmann, chamou de “gabinete do ódio”. Uma central de espionagem e fábrica de fake news que funciona dentro do Planalto para atacar, caluniar e derrubar adversários políticos e desafetos.
Em final de maio e início de junho de 2019, o general Santos Cruz passou a ser violentamente atacado por Carlos Bolsonaro, pelo chefe da Secom, Fabio Wajngarten, e pela milícia digital bolsonarista. O motivo foi a resistência do militar a que o grupo tomasse conta do sistema de comunicação do governo.
A resposta de Carlos veio imediatamente. Os ataques começaram de todos os lados. A falange bolsonarista não parou enquanto não derrubou Santos Cruz. Olavo de Carvalho foi explícito ao endereçar as críticas em suas redes sociais. “Controlar a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu merda”, escreveu.
Logo em seguida Bolsonaro demitiu o general Santos Cruz.
Os detalhes de toda essa guerra suja só vieram à tona muito tempo depois. No início deste ano, pouco antes de morrer de infarto, o ex-ministro Gustavo Bebianno participou do programa Roda Viva, da TV Cultura do dia 2 de março. Durante a entrevista ele relatou que, certa feita, quando ainda era ministro, ele e o general Santos Cruz receberam uma visita do vereador Carlos Bolsonaro, que veio dizer a eles que este pretendia montar uma “Abin paralela”.
A justificativa era que ele [Carlos] não confiava na estrutura oficial existente no governo. O vereador apresentou então o nome de um delegado da Polícia Federal e de outros três agentes para fazerem parte desta estrutura.
Tanto o general Santos Cruz quanto Gustavo Bebianno rechaçaram o intento de Carlos de criar a tal Abin paralela. Ele foi questionado pelos jornalistas sobre o nome do delegado apresentado por Carlos. O ex-ministro disse que sabia o nome do delegado, mas que não daria esta informação.
Logo após esse episódio, ele saiu do governo. Em seguida, saiu também o general Santos Cruz. Perguntado se a iniciativa de Carlos foi consumada, Bebianno disse que não sabia pois estava fora do governo.
Em 13 de junho de 2019, logo após a demissão do general Santos Cruz, o delegado Alexandre Ramagem, que era comissionado na assessoria do Ministério da Secretaria do Governo, é nomeado por Jair Bolsonaro para a direção da Agencia Brasileira de Informação, a Abin.
Durante os dezesseis meses em que Bolsonaro esteve no governo vem funcionando a todo vapor o chamado “gabinete do ódio”, espionando, convocando atos contra a democracia, apoiando as insanidades de Bolsonaro e destilando fake news contra velhos e novos desafetos.
O plano agora é tomar de assalto a direção da PF para impedir que as investigações da corporação avancem. Não é à toa que o ministro Alexandre de Moraes determinou que os delegados responsáveis pelos inquéritos por ele conduzidos não possam ser retirados das investigações.
Como é praticamente certa a indicação de Ramagen para a direção-geral da Polícia Federal e, como a sua credencial é ser pessoa de confiança de Carlos e de Bolsonaro, é mais do que urgente a apuração das denúncias feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro.
SÉRGIO CRUZ
O objetivo com o Ramagem (procurem ver o significado de ramagem) é que ele “quebre o galho” de todos os bolsonaros.
O indivíduo que têm a coragem de assumir um cargo para servir um desgoverno como esse do Bolsonaro, assumirá o papel de jagunço, pois para ele Bolsonaro que é híper autoritário, não consegue trabalhar com pessoas que agem de forma democrática, isto só não ver quem não quer.