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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou nesta quinta-feira (10) ações policiais que terminam com a morte de inocentes, como aconteceu no último final de semana quando o adolescente Thiago Menezes Flausino foi baleado em uma operação da PM, na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio. Em cerimônia na capital fluminense, Lula afirmou que pobres não podem ser confundidos com criminosos.
“Que nunca aconteça o que aconteceu com o menino que foi assassinado por um policial despreparado ou irresponsável”, afirmou Lula.
“O povo da periferia precisa ser tratado com respeito para que nunca aconteça o que aconteceu com um menino que foi assassinado por um policial despreparado”, disse Lula.
“A gente não pode culpar a polícia, mas a gente tem que dizer que um cidadão que atira num menino que já estava caído é irresponsável e não estava preparado do ponto de vista psicológico para ser policial.”
De frente para o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, Lula disse que o governo do Rio e o governo federal precisam criar condições da polícia ser eficaz e pronta para combater o crime. “Mas, ao mesmo tempo, a polícia tem que saber diferenciar o que é um bandido e o que é um pobre que anda na rua”, acrescentou.
“Para isso, ela tem que estar bem informada. E eu não estou jogando a culpa em nenhum governador. O governo federal tem que assumir a responsabilidade de ajudar os governadores no combate à violência porque o crime organizado está tomando conta do país”, concluiu.
EXECUÇÃO
O jovem foi baleado por volta da 0h40 de segunda-feira (7), na Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, a via principal da comunidade. Enquanto os parentes dizem que o garoto foi executado e que a cena do crime foi forjada, a PM chegou a dizer que ele atirou em agentes.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e o Ministério Público também abriu uma investigação sobre a morte de Thiago.
O tio de Thiago disse que o sobrinho foi executado por um policial quando já estava caído no chão. “O Thiaguinho estava passeando de moto com um amigo, saindo da Cidade de Deus, que foi abordada já a tiro. Um tiro pegou na perna, o Thiaguinho caiu, aí a gente tem um trechinho da imagem, que vê o Thiago no chão, ainda vivo, e o policial acaba de executar ele”, descreveu Hamilton Bezerra Flausino.
“Não teve tiroteio, não teve tiroteio. Até porque o pessoal foi se chegando para fazer tipo uma manifestação ali. Nós, familiares, já estávamos ali, chegamos muito rápido. Então a gente ia comandando, gente, não precisa fazer negócio de queimar pneu. Não, não, não, está tranquilo, deixa que a gente vai resolver pacífico. E assim foi, mas eles forjaram um tiroteio, dando um tiro”, acrescentou.
Mãe de Thiago, Priscila Menezes disse que a família está muito abalada “com o fato de estarem acusando uma criança de 13 anos de ser envolvida com tráfico”.
“Ele não era nada. Ele era apenas um adolescente ceifado por essa necropolícia que a gente tem no nosso estado. Mais uma vítima que entra para a estatística.”
A família ainda acusa a Polícia Militar de ter adulterado o registro de uma câmera de segurança, com o objetivo de apagar a ação:
“Hoje em dia as câmeras têm internet, bluetooth. Eles conseguiram, com o celular, ter acesso e apagaram só a parte da execução, mas a gente tem um minuto antes e, após um minuto e um pouquinho, continua a imagem. Dá para ver ainda um pedaço do corpo do PM dando o último tiro para executar ele no chão”, detalhou.
DIFERENTES VERSÕES DA PM
A PM, por sua vez, apresentou três versões, com alguns detalhes diferentes.
Na primeira versão, a corporação afirmou nas redes sociais que “um criminoso ficou ferido ao entrar em confronto” com homens do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHq) na esquina da Estrada Marechal Miguel Salazar com Rua Geremias.
Já na segunda versão, que foi feita no registro da ocorrência na Delegacia de Homicídios, um dos PMs envolvidos afirma que pediu para dois homens sem capacete que estavam em alta velocidade em uma moto pararem, mas a ordem não foi obedecida. Por causa disso, uma perseguição começou. “O condutor perde e controle e ambos os ocupantes caem na via. Caídos, os opositores passam a efetuar diversos disparos contra a guarnição policial, que reagiu”. No documento, os policiais afirmam ainda que Thiago foi ferido fatalmente e que o motorista da moto conseguiu fugir.
E a terceira versão veio já no início da tarde, pelo porta-voz da polícia que disse apenas que o adolescente de 13 anos morto na Cidade de Deus estava na garupa de uma moto de onde, segundo o relato de policiais da ocorrência, algum dos ocupantes trocou tiros com os PMs do Batalhão de Choque.
“Durante o início da operação, os policiais faziam os fechamentos das principais vias de acesso. Essa moto que foi em questão da ocorrência, fugia do cerco policial, efetivamente, os policiais determinaram por ordem de parada, a moto disparou. Segundo os policiais que estavam no local, [um dos ocupantes da moto] realizou disparos de arma de fogo na direção dos policiais e houve um confronto. A moto veio ao solo. O quem pilotava a moto efetivamente conseguiu fugir. E após o cerco e a abordagem inicial, identificou o adolescente, que estava ao solo já em óbito”, disse o coronel Marco Andrade.