Policiais federais, delegados, policiais rodoviários e penais fizeram manifestações em todo o país nesta quinta-feira (28) para pressionar o governo e cobrar de Bolsonaro a promessa de reajuste salarial.
A principal manifestação aconteceu em Brasília, pela manhã, em frente à sede da Polícia Federal e, assim como em diversas capitais e municípios do país, os manifestantes, portando faixas com os dizeres “Presidente Bolsonaro, você prometeu, cumpra sua palavra” e “Bolsonaro, honre sua palavra, quem enfraquece a PF fortalece a corrupção”, não descartam ações mais duras contra o governo, como eventual greve da categoria.
“Promessas de valorização da PF largadas ao vento no final de mandato mostram apenas que o fortalecimento da segurança pública nunca foi prioridade do governo, o que, sem dúvida, tem reflexo no combate à corrupção e nas organizações criminosas”, afirmou o presidente da Associação Nacional dos Delegados da PF (ADPF), Lucano Leiro.
A categoria, que cobra a reestruturação das carreiras, com reajuste salarial entre 16% e 20% para suprir perdas inflacionárias, e esperava um tratamento especial do presidente, já que Bolsonaro havia garantido R$ 1,7 bilhão no Orçamento da União para as carreiras de segurança pública, se revoltou com o anúncio feito pelo governo de que daria apenas 5% de reajuste ao funcionalismo federal.
“A PF não pode ser instrumento de marketing eleitoreiro. Há pouco tempo para o atual governo mudar de rumo e passar a valorizar de verdade a principal estrutura de combate à corrupção e ao crime organizado que existe no Brasil”, disse Tania Prado, presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (FENADEPOL).
Para o presidente do Sindicato dos Policias Penais Federais do DF, Gilvan Albuquerque, polícia desvalorizada “só interessa ao crime” e “nenhuma política pública consegue prosperar sem segurança pública”.
“Presidente Bolsonaro, não dê as costas. Estamos pedindo, quem quer uma polícia desvalorizada? Só o crime!”, disse durante o ato em Brasília.
O presidente da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), Marcus Firme, cobrou diálogo com o governo e disse que o reajuste linear de 5% proposto não agrada nem a outras categorias e ainda descumpre o acordo com a PF.
“Quando soubemos dessa notícia, recebemos com muita ansiedade e decepção. Até mesmo as categorias que não esperavam, não ficaram satisfeitas com reajuste de 5%, que nem cobre a inflação”, disse. “Nós não fomos chamados para negociar, falamos com o governo por meio de nossos parlamentares, mas essa falta de conversa com as entidades e com o próprio policial federal é muito ruim”, afirmou.
Os policiais se sentem “traídos” por Bolsonaro. Como afirmou na manifestação de hoje pela manhã, em Campo Grande (MS), o policial penal Altair Nunes, “o nosso caso aqui é para reivindicar algo que nos foi prometido desde a campanha. Esta inclusive foi a bandeira do governo Bolsonaro”, disse.
No ato em Campo Grande, que contou com a presença até de veteranos das forças federais, o presidente do SINPEF/MS (Sindicato dos Policiais Federais em Mato Grosso do Sul), Leonardo Corniglion Silva, fez questão de ressaltar que aquele “não era um movimento político”, mas em prol da categoria.
“O pedido de reajuste que foi encaminhado ao ministro da Justiça e depois ao ministro da Economia está estagnado desde o final de março. Estamos mostrando onde está o problema e queremos que o ministro encaminhe o nosso pleito”, disse o sindicalista.
“Estamos reivindicando o que é nosso direito. O que foi falado em campanha. Foi uma promessa do governo há muito tempo”, disse o veterano, de 81 anos, policial rodoviário aposentado Estevaldo Laguilhon.
Os protestos, em todo o Brasil, foram organizados pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol), além das entidades e sindicatos locais.