A avalanche nacional pela democracia e a defesa das urnas eletrônicas parece ter mexido com os aliados mais próximos de Jair Bolsonaro.
Dessa vez foi o próprio Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, um aliado contumaz do atual mandatário que resolveu expor publicamente a sua confiança no sistema eleitoral brasileiro.
E não foi em qualquer lugar.
Lira escolheu a Convenção Eleitoral de seu partido, o PP, que transcorreu na quarta-feira (27), no auditório Nereu Ramos da Câmara Federal, que decidiu pelo apoio a Bolsonaro, para, em seu discurso, dizer que confia nas urnas eletrônicas tão atacadas pelo chefe do Executivo.
O discurso foi proferido ao lado do próprio Bolsonaro que, dias antes, no último domingo, na Convenção Eleitoral do PL, realizada no Rio de Janeiro, fez agradecimentos efusivos ao presidente da Câmara, este, devidamente trajado com uma camisa com o nome do candidato e 22, precisamente o número que o mesmo disputará a eleição presidencial.
“A Câmara dos Deputados fala quando é necessário falar, não quando querem obrigá-la a falar. Eu dei mais de 20 mensagens mundo afora e internas no Brasil de que sempre fui a favor da democracia e de eleições transparentes e confio no sistema eleitoral. Não precisa de qualquer movimento público ou político [para] fazer que isso se apresente de maneira sempre necessária. Instituições no Brasil são fortes, são perenes e não são e nunca serão redes sociais. Não podemos banalizar as palavras das autoridades no Brasil. Não farão isso com a Câmara dos Deputados enquanto eu for presidente”, disse Lira.
Com a declaração, Lira passa recibo do evidente incômodo diante de tantas cobranças públicas por uma manifestação depois da melancólica reunião do presidente com os embaixadores em Brasília na última semana, quando levantou, sem provas, novas suspeitas sobre o atual sistema eleitoral, prontamente respondidas pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, e condenadas fortemente pelas mais amplas representações políticas e sociais pelo que o gesto representou de violação da soberania do país.