Uma confusão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, na terça-feira (9), obrigou o presidente do colegiado, deputado Felipe Francischini (PSL/PR), a suspender a sessão destinada à leitura do parecer sobre a admissibilidade da reforma da Previdência. O tumulto começou após o líder do PSL, Delegado Waldir (PSL/GO), ser acusado de comparecer à reunião portando uma arma de fogo.
O clima começou a ficar tenso quando deputados contrários à reforma foram até a mesa do presidente questionar o fato de não poderem apresentar mais uma questão de ordem. A oposição e aliados do governo trocaram acusações ao lado da mesa da presidência do colegiado.
Com se fosse um segurança, o deputado Delegado Waldir se aproximou da mesa pela frente. Deputados e deputadas de oposição também se aproximaram para questionar a decisão do presidente da CCJ.
No meio da confusão, congressistas começaram a gritar que “um deputado estava armado”, em referência ao líder do PSL, que em determinado momento dobrou-se sobre a mesa, deixando um volume na cintura, sob o paletó, sobressair, visível para quem estava sentado nas cadeiras. “Fechem as portas e retirem o deputado armado”, pediu o deputado Eduardo Bismarck (PDT/CE), que iniciou as acusações. “Senhor presidente, chame a segurança”, pediu.
O regimento interno da Câmara proíbe expressamente o porte de arma em qualquer dependência da Casa.
“Art. 271. Excetuado aos membros da segurança, é proibido o porte de arma de qualquer espécie nos edifícios da Câmara e suas áreas adjacentes, constituindo infração disciplinar, além de contravenção, o desrespeito a esta proibição.
“Parágrafo único. Incumbe ao Corregedor, ou Corregedor substituto, supervisionar a proibição do porte de arma, com poderes para mandar revistar e desarmar”.
A confusão foi armada, o presidente da CCJ concedeu 10 minutos de suspensão da sessão. Um grupo de deputados fez um cordão de segurança em torno do líder do PSL e o retirou da sala da comissão.
A suspensão durou 20 minutos. Na volta, os governistas disseram à imprensa que o Delegado Waldir portava apenas um coldre (estojo utilizado para guardar a arma na cintura).
O parlamentar negou que estivesse armado e disse, com ironia, que estava portando apenas “um lápis”. Ele exibiu o coldre vazio aos jornalistas.
O deputado Pompeo de Mattos (PDT/RS), no entanto, afirmou que Waldir portava, sim, uma arma, e que a teria entregado a outra pessoa.
RELATÓRIO
Na terça-feira à noite o relator da reforma da Previdência na CCJ, deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), leu o seu relatório e recomendou a aprovação da reforma da Previdência (PEC 6/19). Depois foi concedida vista coletiva pelo período de duas sessões do Plenário da Câmara. Na segunda-feira (15) começarão os debates na CCJ.