Promotores federais norte-americanos que investigam o assalto da turba açulada por Trump ao Congresso dos EUA afirmaram que os invasores pretendiam “capturar e assassinar autoridades eleitas”.
Acusação que foi registrada pela CNN como “a descrição mais arrepiante até agora dos amotinados que tomaram o Capitólio na semana passada” e faz parte do indiciamento do assim chamado “louco dos chifres”, Jacob Anthony Chansley, aliás, “Jake Angeli”, apontado como o “xamã” da seita delirante QAnon. Ele já está preso.
Acusação análoga foi lançada no Texas contra o tenente-coronel Larry Rendall Brock Jr, da reserva da Força Aérea, que foi fotografado no recinto do Senado com colete à prova de bala, capacete de combate, insígnias e algemas plásticas com zíper, que também está preso desde domingo passado.
Na audiência na quinta-feira no Texas o tenente-coronel Brock Jr foi acusado pelo procurador-adjunto dos EUA, Jay Weimer, de pretender “fazer reféns”. “Ele pretendia seqüestrar, restringir, talvez tentar, talvez executar membros do governo dos EUA”.
“QUESTÃO DE TEMPO”
“Fortes evidências, incluindo as próprias palavras e ações de Chansley no Capitólio, apóiam que a intenção dos desordeiros do Capitólio era capturar e assassinar funcionários eleitos no governo dos Estados Unidos”, escreveram os promotores do Arizona, Estado em que ele mora.
Essas alegações, acrescenta a CNN, “vêm à medida que o governo começa a descrever em termos mais alarmantes o que aconteceu”. Chansley, visto em muitos vídeos no interior do Senado, deixou sobre a mesa em que Pence se sentava a mensagem, do próprio punho, “é somente uma questão de tempo, a justiça está chegando”.
Com base nessas evidências, os promotores do Departamento de Justiça pediram a manutenção da prisão de Chansley.
Essas revelações mostram que a vida e integridade física dos congressistas e do próprio Pence estiveram sob ameaça direta e, pode-se dizer, que foi por muito pouco que a turba não irrompeu no plenário enquanto os congressistas ainda não haviam sido retirados de lá.
Como registrado por inúmeros vídeos, a turba não parava de berrar “enforquem Pence”, depois que este se recusou a fraudar a eleição para Trump. Os acontecimentos deixam claro que a turba tembém estava buscando Pelosi.
NAZISTAS E CONFEDERADOS
O homem que caminhava dentro do Capitólio com a bandeira dos confederados, Kevin Seefried, foi preso na quinta-feira em Delaware, junto com o filho, Hunter. Segundo relato da polícia ao New York Times, Hunter gabou-se a um colega de trabalho de que ele e seu pai estavam dentro do Capitólio no dia 6 de janeiro. Prisão que se segue a de Robert Keith Packer, o nazista da camiseta “Campo Auschwitz”.
Foi preso também o bombeiro reformado da Pensilvânia, Robert Lee Sanford, que atirou um extintor de incêndio sobre três policiais, ferindo-os, durante o assalto final ao Capitólio, quando a polícia foi suplantada pela turba trumpista.
Outro militar aposentado recém preso é o ex-SEAL (tropa especial da Marinha), Adam Newbold, que atualmente treina civis e policiais em “tiroteios táticos”. Em uma transmissão ao vivo no Facebook que se seguiu à invasão, Newbold gabou-se de estar “orgulhoso” de suas ações naquele dia, acrescentando que esperava que a eleição fosse anulada e aconselhando aos congressistas a “pensarem duas vezes sobre o que estão fazendo”.
Após ser identificado em vídeo fora do Capitólio, os promotores da Filadélfia pediram a revogação da fiança para o veterano da Marinha e fundador do “Vets for Trump” Joshua Macias, que havia sido preso dois dias após a eleição de novembro, por ações criminosas visando paralisar a apuração.
O exército americano também está investigando a Capitã Emily Rainey, do setor de Operações Psicológicas das forças especiais de Fort Bragg, que admitiu ter organizado e liderado 100 membros do “Moore County Citizens for Freedom” a Washington, mas que diz que “não entrou” no Capitólio.
FIGURINHAS CARIMBADAS
Ainda na quinta-feira, o Washington Post informou que “dezenas” de pessoas que estão atualmente no banco de dados de rastreamento de terroristas do FBI estavam em Washington para participar do golpe de 6 de janeiro.
A revelação de que as agências de inteligência norte-americanas sabiam que neonazistas e supremacistas brancos estariam na capital do país expõe ainda mais as alegações de figuras como o Secretário do Exército Ryan McCarthy, que no dia seguinte à invasão pela turba declarou que “nenhuma inteligência” sugeria uma ameaça ao Capitólio.