Representantes de sindicatos de trabalhadores e centrais sindicais realizaram uma manifestação em Brasília, na terça-feira (20), para que o Congresso derrube o veto do presidente Jair Bolsonaro à prorrogação da desoneração da folha de pagamento.
Segundo as entidades, com o veto, que atinge 17 setores da economia, “o que pode acontecer, já no primeiro trimestre de 2021, é mais desemprego”.
“Serão novos desempregados, que pode atingir entre 500 mil a 1,2 milhões” de brasileiros, afirmam os sindicalistas.
O dispositivo que prorrogava a desoneração da folha até o ano que vem para empresas que empregam mais de 6 milhões de trabalhadores em todo o Brasil foi vetado por Bolsonaro em julho.
A desoneração, que também vem sendo defendida por empresários desses setores, desafoga as empresas, pois permite que elas paguem ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) até 4,5% (dependendo do setor) sobre o valor da receita bruta, em vez da alíquota de 20% sobre a folha de pagamento.
“A nossa previsão, apesar de se tratar de uma área de serviços essenciais, é que nós teremos para o início de janeiro mais de 500 mil demissões. Um dos setores que vai ser afetado é o setor de teleatendimento. Vai ser uma área que vai ser muito afetada com a não desoneração”, afirmou Marcos Milanez, diretor-secretário do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações no Estado de São Paulo.
O ato foi realizado em frente ao Ministério da Economia e seguiu em caminharam até a Praça dos Três Poderes. O protesto reuniu sindicalistas de alguns dos setores mais afetados caso a prorrogação da desoneração não seja derrubada, como das áreas de tecnologia da informação, indústria têxtil, comunicação, construção civil e calçados, entre outros, além de lideranças políticas.
Para Milanez, “o Paulo Guedes [ministro da Economia] tem que entender — e o Congresso Nacional entender — que no momento em que a gente está vivendo, de crise econômica, se não conseguirmos manter por mais um ano esses empregos, nós vamos ter mais demissões”.
O senador Major Olímpio (PSL-SP), presente na manifestação, defende que a análise do veto aconteça até o dia 4 de novembro, quando “esgota o limite em que é possível ainda as empresas se adequarem”.
“Eu estava dando um exemplo. Imagine alguém da construção civil que fosse contratar uma obra hoje. Se você vai ter o custo do pessoal em 1º de janeiro em 8% a mais no valor total da fatura, como é que você vai fazer a previsão de gastos? E é nesse momento o desespero das empresas”, declarou o senador.