Partido lança deputada Luiza Erundina (SP) para “marcar posição” e diz que orientará o voto contra o candidato bolsonarista só no segundo turno se a sua candidata não chegar
O Psol, através de sua Executiva Nacional, resolveu lançar a candidatura da deputada Luiza Erundina (SP) na disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados.
Em resolução divulgada após o encontro, a sigla ressaltou que se a parlamentar não chegar ao segundo turno, “orienta o voto da bancada do PSOL no candidato que representar uma alternativa àquele apoiado pelo governo Jair Bolsonaro”.
A direção partidária tomou a decisão após empate na bancada federal do partido sobre a sucessão na Câmara, quando cinco parlamentares apoiaram a proposta de lançamento de candidatura própria e outros cinco defenderam o alinhamento com o candidato da frente democrática, deputado Baleia Rossi (SP).
Manifestaram-se a favor da candidatura de Rossi os deputados Marcelo Freixo (RJ), Sâmia Bonfim (SP), Fernanda Melchionna (RS), Vivi Reis (PA) e David Miranda (RJ), que argumentaram o risco do candidato bolsonarista, Arthur Lira (PP-PB), ganhar ainda no primeiro turno e a necessidade de fortalecer a frente constituída em defesa da democracia e da independência do Legislativo, articulada pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).
Já os deputados Ivan Valente (SP), Glauber Braga (RJ), Talíria Petrone (RJ) e Áurea Carolina (MG), além da própria Erundina, que foi candidata a vice-prefeita na chapa de Guilherme Boulos pela prefeitura de São Paulo, defenderam a importância da legenda marcar posição e demonstrar as diferenças existentes com os demais candidatos.
Dos partidos de oposição ao governo Bolsonaro, o Psol é o único que decidiu pela candidatura própria, o que, na prática, favorece Arthur Lira, pois a disputa está extremamente acirrada já no primeiro turno.
São dez votos a menos para Baleia Rossi, que alimentava a expectativa de contar com o apoio do Psol, depois que os demais partidos progressistas (PT, PSB, PDT e PCdoB) resolveram participar da frente democrática para derrotar Bolsonaro, o inimigo número um da democracia e da luta pela vida, depois de compromissos mútuos assumidos, também, com uma agenda emergencial de apoio aos que mais precisam diante do recrudescimento da pandemia.
A resolução do Psol diz, ainda, que a candidatura de Erundina foi apresentada “em favor da construção de uma candidatura de esquerda no primeiro turno que defenda as bandeiras da ampliação de direitos, da democracia, da soberania nacional, da defesa da saúde pública”.
O partido defende no texto mudanças “anti-austeridade na política econômica”, “vacinação”, “combate a discriminação”, “bandeiras estas que serão reforçadas por uma presidência da Câmara dos Deputados que dê início ao processo de impeachment de Bolsonaro”.
O discurso altissonante, entretanto, choca-se com a prática.
Espera-se que não, mas os votos da bancada do Psol podem ser decisivos para a vitória sobre a candidatura bolsonarista já no primeiro turno, razão pela qual a frente democrática que se formou em torno de Rossi estabeleceu como meta conquistar os votos necessários para resolver a fatura no embate inicial para não correr riscos de surpresa no segundo turno.
Ou seja, deixou as diferenças, especialmente sobre a agenda econômica, para o segundo plano, definindo como prioridade zero derrotar Bolsonaro e impedir a anexação do Parlamento ao Palácio do Planalto, o que seria um desastre potencializado em razão da situação de caos que vive atualmente o país.
A deputada Erundina, pela sua história, não precisava prestar-se a esse papel, menos ainda o Psol.
Mas, enfim, diante da grave, gravíssima, crise sanitária, política, social e econômica que atinge o país, foi a única notícia do dia comemorada por Bolsonaro e os bolsonaristas.
MAC