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Ele alegou que o Exército identificou “dezenas de vulnerabilidades” na urna eletrônica. Em nota, o TSE rebateu: “As declarações que têm sido veiculadas não correspondem aos fatos, nem fazem qualquer sentido”
Com a crescente rejeição do eleitor ao seu governo e ao seu nome, Jair Bolsonaro (PL) voltou à carga sobre a confiabilidade do voto por meio das urnas eletrônicas no País e tentou envolver o Exército na sua aventura irresponsável.
Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, na quinta-feira (10), Bolsonaro mentiu, dizendo que as Forças Armadas identificaram “dezenas de vulnerabilidades” no sistema de votação e cobrou resposta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Depois lançou no ar um enigma sobre algo que acontecerá para “nos salvar” nos próximos dias.
O TSE prontamente rebateu, em nota, as aleivosias do chefe do executivo que, por falta do que fazer, insiste no tema.
Leia a íntegra da nota do TSE:
Nota de esclarecimento: perguntas das Forças Armadas para compreender o sistema serão respondidas em breve
Pedido de informações das Forças Armadas apresentam perguntas técnicas sobre funcionamento do sistema eleitoral. Não há levantamento sobre possíveis vulnerabilidades.
O pedido do representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral foi protocolado próximo do recesso, quando os profissionais das áreas técnicas fazem uma pausa. Após este período, o conteúdo começou a ser elaborado e será encaminhado nos próximos dias.
São dezenas de perguntas de natureza técnica, com certo grau de complexidade. Tudo está sendo respondido, como foi devidamente comunicado ao referido representante.
Cabe destacar que são apenas pedidos de informações, para compreender o funcionamento do sistema eletrônico de votação, sem qualquer comentário ou juízo de valor sobre segurança ou vulnerabilidades. As declarações que têm sido veiculadas não correspondem aos fatos, nem fazem qualquer sentido.
Contumaz, o chefe do Poder Executivo continua sua marcha para tentar desorganizar o debate político-eleitoral e, consequentemente, o pleito de outubro de 2022, já que pela via da eleição sua vida está muito complicada. A insistência em algo que já foi resolvido tem esse propósito.
O TSE já forneceu todas os esclarecimentos sobre o funcionamento das urnas eletrônicas, mas Bolsonaro não mostrou nenhum interesse em saber quando o tribunal fez suas exposições e debates. Não apareceu ninguém do governo para acompanhar ou tirar dúvidas.
“Nosso pessoal do Exército, da guerra cibernética, buscou o TSE e começou a levantar possíveis vulnerabilidades. Foram levantadas várias, dezenas de vulnerabilidades. Foi oficiado o TSE para que pudesse responder às Forças Armadas. Passou o prazo e ficou um silêncio”, disse o mandatário.
“O prazo de 30 dias se esgotou no dia de hoje [quinta-feira]. Isso está nas mãos do ministro Braga Netto (Defesa) para tratar desse assunto”, acrescentou.
“E ele está tratando disso e vai entrar em contato com o presidente do TSE. E as Forças Armadas vão analisar e dar uma resposta”, afirmou o presidente na ‘live’ presidencial da quinta-feira.
Bolsonaro disse que no Brasil “todo mundo quer” eleições auditáveis, com contagem pública de votos, assuntos já superados pelos legisladores. Afirmou também que a eleição tem de ser resolvida “em dois turnos”, porque “não pode terminar e ter dúvida”.
O chefe do Executivo insiste em fazer marola em um assunto que acha que vai se dar bem. Mas não vai, como não se deu bem ao tentar impor o voto impresso. Foi derrotado pelo Congresso Nacional.
Na mesma live, o ex-capitão também tentou desacreditar as pesquisas (e são várias) que o colocam bem atrás de Lula.
Para isso, usou uma comparação ridícula. Comparou a audiência de sua live que, segundo ele, tinha atingido 190 mil pessoas, contra uma live do aniversário do PT que teria uma audiência de 1.200 pessoas.
Para o “mito”, a comparação “é uma prova concreta de que isso é uma farsa. As pesquisas realmente não batem com a realidade”. Como se o voto de um eleitor é o mesmo do que o conteúdo que ele consome na internet. Para ele, o seu cercadinho é o mesmo dos milhões de eleitores pelo pais afora.
PORQUE A URNA ELETRÔNICA É SEGURA
Em artigo disponível no portal do TSE, o bacharel e mestre em ciência da computação pela UnB (Universidade de Brasília) e analista judiciário do TSE, lotado na Seção de Voto Informatizado, Rodrigo Carneiro Munhoz Coimbra, escreveu que “Um dos procedimentos de segurança que pode ser acompanhado pelo eleitor é a Cerimônia de Votação Paralela. Na véspera da eleição, em audiência pública, são sorteadas urnas para verificação. Essas urnas, que já estavam instaladas nos locais de votação, são conduzidas ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e substituídas por outras, preparadas com o mesmo procedimento das originais.”
“No dia das eleições, também em cerimônia pública, as urnas sorteadas são submetidas à votação nas mesmas condições em que ocorreria na seção eleitoral, mas com o registro, em paralelo, dos votos depositados na urna eletrônica”, continua a explicação.
“Cada voto é registrado numa cédula de papel e, em seguida, replicado na urna eletrônica, tudo isso registrado em vídeo. Ao final do dia, no mesmo horário em que se encerra a votação, é feita a apuração das cédulas de papel e comparado o resultado com o boletim de urna”, segue.
“Outro mecanismo bastante simples de verificação é a conferência do boletim de urna. Ao final da votação, o boletim com a apuração dos votos de uma seção transforma-se em documento público”.
“O resultado de cada boletim pode ser facilmente confrontado com aquele publicado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na Internet, seja pela conferência do resultado de cada seção eleitoral, seja pela conferência do resultado da totalização final. Esse é um procedimento amplamente realizado pelos partidos políticos e coligações há muito tempo e que também pode ser feito pelo eleitor”, assevera.
M.V.