“Eu não sou estatizante, eu acho que monopólios de serviços públicos que não têm concorrência, que podem cobrar o preço que querem e o povo paga ou não usa, como água e energia elétrica, tem que estar na mão do estado”, afirmou o ex-governador do Paraná Roberto Requião, ao criticar a forma de gestão da Companhia Paranaense de Energia – Copel.
Em entrevista ao programa Contraponto, da Rádio Cultura de Foz do Iguaçu na terça-feira (10), Requião, que é pré-candidato ao governo do Estado pelo PT, argumentou que a estatal beneficia investidores estrangeiros, que levam os lucros para fora do país. Em 2021, a Copel registrou um lucro líquido de R$ 5,1 bilhões.
Requião defendeu que a empresa ofereça energia com qualidade e preços módicos, contribuindo para desenvolver as indústrias no estado. “Me sinto roubado cada vez que pago a conta de energia elétrica da minha casa”, disse.
O ex-governador criticou também a política de privatização dos pedágios. Se eleito, afirmou Requião, não permitirá a continuidade dos contratos e criará pedágios públicos. “Reúno a Assembleia e cancela a licença do governo federal de fazer pedágios nas estradas do Paraná. Nós poderíamos fazer um pedágio público”, afirmou.
“Eu me considero candidato para pôr a casa em ordem e acabar com o roubo. […]. As multinacionais estão com 17 milhões de reais de exoneração fiscal”, criticou. Segundo o ex-governador, a Copel teve um lucro de 5 bilhões e 6 milhões de reais no ano passado, mas os lucros não foram revertidos em investimentos na companhia, beneficiando apenas os acionistas no exterior.
Requião criticou ainda a apropriação de recursos do Estado em publicidade pela família do governador Ratinho Júnior. “Sabe quanto eles puseram para propaganda até julho, que é quando é proibido (por se tratar de ano eleitoral) propaganda do Estado no orçamento? Cento e sessenta e oito milhões de reais”.
O pré-candidato criticou ainda o monopólio de mídia controlado pela família do atual governador, Ratinho Junior (PSD). “O Rato tem outorga de 104 antenas de transmissão radiofônica, 5 ou 6 operadoras de televisão no Estado, mais o SBT. Ele está repassando o dinheiro do Estado para o próprio pai, para ele mesmo, para a família”, denunciou. “Isso é uma vergonha!”, completou Requião.
FOME
Ele também falou do desemprego e da fome. “Temos a metade da população brasileira em dificuldades alimentar. Temos que fazer um esforço brutal em favor da pequena e média agricultura que são os que produzem uma variedade de alimentos que vão para a nossa mesa, sem negar o apoio ao agronegócio porque é importante ter dólares em caixa”, defendeu.
O ex-senador defendeu a criação de uma política “brutal” de emprego, mas apontou a inflação como o maior entrave da economia no momento, causada, segundo ele, pelos preços exorbitantes das tarifas públicas, além dos pesados impostos cobrados das pequenas e médias empresas.