O compositor Martinho da Vila, que completou 83 anos na sexta-feira (12), se não fosse a pandemia do coronavírus deveria estar comemorando, especialmente este ano, na Marquês de Sapucaí. O sambista seria homenageado pela Vila Isabel, sua escola de coração, a quem ele já doou muito brilho, talento e dedicação. O enredo “Canta, canta minha gente! A Vila é de Martinho”, vai ficar para o ano que vem.
O aniversário foi comemorado como mandam as recomendações anti-Covid: em casa, apenas em um almoço com a mulher e dois filhos que vivem com ele.
“Eu gosto de falar com as pessoas e apertar a mão, mas não dá mais”, afirmou o artista em reportagem do jornal Estadão.
Segundo Martinho, “o Brasil está complicado, as coisas pioraram muito. Os contrastes sociais, a pobreza e a criminalidade aumentaram”.
“Parece que estamos revivendo a Revolta da Vacina, e o presidente (Jair Bolsonaro) também ajuda nisso”, afirma o sambista referindo-se aos comentários e atitudes de Bolsonaro, contrário à vacinação, ao distanciamento para impedir o contágio e até ao uso de máscaras.
“O chefe ajuda e tem seus seguidores. O retrocesso está ocorrendo de maneira clara”, diz o artista.
Quanto ao cancelamento do carnaval e adiamento da homenagem da Vila Isabel para 2022, o compositor diz que foi a decisão correta.
“Fazer um carnaval em julho, com este país ainda sofrendo com a pandemia, não ia ser legal. A gente está vivendo tudo diferente, essa confusão total, que a gente não está nem com a cabeça muito carnavalesca. No ano que vem, já vai dar para fazer legal, vai ser bom”, afirmou.
“Quero ir para Avenida como se fosse um simples componente, que vou cantar na Avenida a homenagem a um compositor de quem eu gosto”, afirmou ao Estadão.