O deputado federal Rui Falcão (SP), ex-presidente do PT e um dos articuladores da campanha de Lula, afirmou que uma possível chapa formada pelo ex-presidente com Geraldo Alckmin (sem partido) de vice para disputar as eleições presidenciais é uma contradição a tudo o que o partido fez e quer fazer.
Principal nome dentro do PT a falar contra a articulação de uma chapa em aliança com Alckmin, Falcão chegou a desacreditar o ex-governador de São Paulo – que deixou o PSDB no final do ano passado na expectativa de ser o vice na chapa petista.
Em uma entrevista publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo” nesta segunda-feira (17), o deputado chamou o ex-tucano de “muleta” e disse que Lula não precisaria dele para vencer a eleição. “Lula não precisa de uma muleta eleitoral”, disse Rui Falcão.
Entre os motivos que apresentou para ser contra o lançamento da chapa, ele citou as “posições ultraconservadoras” de Alckmin e o apoio dele ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Falcão ressaltou que a primeira manifestação do ex-governador de São Paulo envolvendo o programa do partido “foi se insurgir contra a reforma trabalhista”.
O deputado petista declarou ver com bons olhos Lula defender a revogação de pontos da reforma trabalhista aprovada no governo de Michel Temer. Recentemente, o ex-presidente participou de reunião virtual com representantes do governo e legislativo da Espanha, para debater a revisão da reforma trabalhista que está sendo conduzida no país europeu.
Nas redes sociais, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), atual presidente do PT, também defendeu a revogação de alguns pontos da reforma trabalhista de Temer.
Para Falcão, Alckmin reagiu à proposta “da mesma maneira como reagiram os corifeus da Faria Lima e os economistas conservadores”.
“Então, essa declaração de colocar a reforma trabalhista no centro do programa, que já suscitou melindres da parte do ex-governador Alckmin [ele manifestou preocupação em conversa com o deputado Paulinho da Força], já dá um indício de que essa aliança não é conveniente”, apontou.
O deputado, que coordenou as campanhas de Lula em 1994 e de Dilma Rousseff em 2014, diz defender a adoção pelo partido de um programa emergencial de combate à fome, desemprego e inflação, com ampliação do investimento do Estado.
Falcão afirmou ainda que o ex-juiz e pré-candidato Sergio Moro “não consegue decolar”.
“O Bolsonaro não baixou ainda ao nível que permita alguém tomar o lugar dele. Há uma pulverização. Aquele que foi apontado como mais indicado para a chamada terceira via, o Sergio Moro, não consegue decolar. É aquela história: trocar alguém da direita, como o Bolsonaro, por outro que não tem o mesmo vigor, impacto, é melhor ficar com o original do que com o carbono”, disse.