Evento teve a presença de ex-presidentes, diplomatas, do governador e do prefeito, além dos presidentes de Portugal e de Cabo Verde. Bolsonaro ignorou o convite e não compareceu
Depois de quase seis anos fechado para reconstrução após um incêndio em 2015, o Museu da Língua Portuguesa foi reinaugurado neste sábado (31).
A cerimônia de reinauguração teve a presença de diplomatas e personalidades políticas do Brasil e dos Países de Língua Portuguesa e marcou a reabertura do Museu com Fafá de Belém cantando o Hino Nacional Brasileiro e o Hino de Portugal.
O evento teve a presença do governador de São Paulo João Doria, do prefeito Ricardo Nunes, e dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O atual governo federal ignorou o convite e não compareceu ao evento. “Infelizmente, ele preferiu passear de motocicleta em Presidente Prudente”, disse Doria, em referência à “motociata” da qual o presidente participou no sábado.
Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff também foram convidados e enviaram uma carta de agradecimento. Fernando Collor, também convidado, não enviou resposta.
“Penso ser especialmente emblemático o fato de devolvermos aqui o Museu da Língua Portuguesa à sociedade, devolvendo a São Paulo, ao Brasil e aos países da língua portuguesa esse belíssimo museu em meio ainda a uma pandemia que apenas no Brasil já dizimou mais de 553 mil brasileiros”, disse João Doria em seu discurso.
“Um museu que está localizado na Estação da Luz e que tem a luz, a luz da nossa língua, a luz que nos une, a luz que nos move, a luz que nos promove, a luz que nos protege. E voltou e voltou melhor, com mais recursos, mais tecnologia, ampliado e fortalecido por todos os cuidados que foram objetos dessa construção de recuperação do museu”, afirmou.
O museu recebeu a Ordem de Camões, concedida pelo governo de Portugal a pessoas e instituições que prestem serviços relevantes à língua portuguesa. O presidente do país, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve presente na abertura: “Seis anos volvidos, aqui viemos para não esquecer as cinzas do passado, mas para a partir delas construirmos o futuro. (…) Essa é uma celebração do futuro, o nosso futuro, o futuro da nossa língua em comum”, afirmou.
Perguntado como sentia a ausência do presidente do Brasil no evento, o presidente de Portugal respondeu usando um ditado popular de seu país: “Dança quem está na roda. Eu estou feliz de estar nessa roda e de estar nessa dança. Porque é uma dança que pensa no futuro, no futuro da língua portuguesa e no futuro de 260 milhões de pessoas. Isso, para mim, é o mais importante”.
O presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, também discursou durante a cerimônia.
INCÊNDIO
No dia 21 de dezembro de 2015, um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu. O fogo tomou 30% do prédio e destruiu parcialmente sua estrutura, afetando principalmente todo o segundo andar, onde ocorria uma exposição sobre o antropólogo Luiz da Câmara Cascudo, e o terceiro piso, onde havia um cinema.
Durante a tentativa de controle do incêndio pelo Corpo de Bombeiros, o brigadista Ronaldo Pereira da Cruz não resistiu e morreu após ser resgatado com sinais de intoxicação.
Laudo do IC (Instituto de Criminalística) apontou, quatro anos depois, que o incêndio foi provocado por um defeito em um dos holofotes e ninguém foi indiciado.