Lideranças do país reunidas em defesa da democracia
Na sexta-feira (26/06), o movimento “Direitos Já” reuniu virtualmente um número importante de pessoas num ato pela democracia e em defesa da Constituição. Várias personalidades, líderes políticos, artistas, intelectuais, estudantes, empresários, representantes de entidades e presidentes de centrais sindicais participaram do ato em defesa do estado de direito e contra as ameaças à liberdade vindas do governo Bolsonaro e seus arredores.
O ato foi bastante importante e significativo, mas enfrentou alguns problemas que certamente deverão ser superados nos próximos eventos contra o obscurantismo bolsonarista. O movimento precisa avançar para expressar a frente ampla que o país necessita. Durante a quinta-feira, correu no meio político a informação de que teria havido um veto por parte de Guilherme Boulos (PSOL) ao convite para que o ex-ministro Sergio Moro fizesse parte do ato. O coordenador do movimento, Fernando Guimarães, esclareceu na sexta-feira que não houve veto, porque o convite não chegou a ser feito.
Qualquer frente contra o golpismo e pela democracia não será ampla de verdade se não abranger o ex-ministro Sergio Moro, que rompeu com o governo por não aceitar a escalada que incluía a manipulação direta da Polícia Federal para acobertar crimes e perseguir desafetos. Moro pode ter errado quando entrou neste governo, mas mostrou dignidade quando saiu.
É significativo que o episódio mais concreto de crime de responsabilidade que está sendo investigado seja exatamente a denúncia feita por Moro, que o levou a deixar o Ministério da Justiça.
O sociólogo Fernando Guimarães, coordenador do Movimento Direitos Já, abriu o evento. O ato contou com mais de cem lideranças de todos o cantos do Brasil, representantes de dezesseis partidos e de vários segmentos sociais. Segundo informou Guimarães, no auge da transmissão, cerca de 150 mil pessoas teriam sido alcançadas pela live.
Bruna Bleck interpretou o Hino Nacional, acompanhada por Bruno Stroeter no vibrafone, Renato Soares ao violão e com arranjo de Dino Barioni. Logo em seguida, Fernando Guimarães fez uma retrospectiva do movimento e passou à leitura do terceiro manifesto dos “Direitos Já”.
“A democracia brasileira está em risco. Grupos políticos, dentro e fora do governo Bolsonaro, têm atuado com vistas a desconstruir os fundamentos do pacto político e social, consolidados na Constituição de 1988. O DIREITOS JÁ! FÓRUM PELA DEMOCRACIA repudia veementemente qualquer tentativa de subverter a ordem democrática conquistada a duras penas pela sociedade brasileira”, diz um trecho do manifesto. “O DIREITOS JÁ! FÓRUM PELA DEMOCRACIA acredita que a sociedade brasileira é democrática, fraternal e humanista e que o Brasil é muito maior do que as crises que enfrenta no momento. É preciso ouvir as vozes cada vez mais potentes de uma população que clama por esta unidade”, acrescenta o documento (veja a íntegra do manifesto no vídeo abaixo).
OSMAR SANTOS FOI O PRIMEIRO
Antes mesmo de serem ouvidos os oradores do ato, Fernando Guimarães apresentou uma grande surpresa, que foi a presença de Osmar Santos, ex-locutor esportivo que se notabilizou como o principal apresentador dos comícios das Diretas Já e da campanha de Tancredo Neves à presidência no Colégio Eleitoral, campanhas da década de 1980, que foram frutos de um ampla frente democrática construída na época, que levou milhões de pessoas às ruas para derrotar a ditadura. Osmar Santos saudou os participantes em vídeo e, com a ajuda do irmão, Oscar Ulisses, afirmou que apoia com entusiasmo o movimento atual em defesa da democracia. Logo em seguida falaram lideranças de diversas religiões, todas elas, rabinos, pastores, padres, sheiks e monges em defesa da democracia e contra as manifestações preconceituosas de integrantes do governo Bolsonaro.
Com raras exceções, a grande maioria dos oradores defendeu a unidade em torno da democracia e dos direitos e reforçou a importância de seguir ampliando a frente democrática para poder derrotar Bolsonaro. O ex-governador Márcio França (PSB) afirmou que “nós passamos a vida inteira brigando para ter o direito de discutir e ter o direito de contrariar uns aos outros. Nós queremos continuar fazendo isso, e tem que ser com democracia. Muitas vezes nós ficamos desanimados por conta desse estado”. “É na medida que a gente está junto que a gente se reanima”, observou o ex-governador.
EX-PRESIDENTE DEFENDEU UNIÃO EM TORNO DA DEMOCRACIA
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) reafirmou que “este momento é de união em torno da democracia e da Constituição”. “As coisas mudam. Eu já vi Getúlio, vi o Jânio, vi o Jango e vi o pessoal das ‘diretas já’. Cada um tem sua especificidade. Eu estou disposto a dar as mãos à todos aqueles que queiram abraçar a causa da liberdade e da democracia. Posso fazer pouco, mas, pelo menos, junto a minha voz. Se ela serve para alguma coisa, é para dizer ‘viva a liberdade e viva a democracia’”, afirmou o líder tucano.
O líder do Cidadania23, Arnaldo Jardim, foi na mesma direção: “Integral concordância com o manifesto lançado e com essa iniciativa plural, diversa e de unidade em defesa da democracia. Para nós, democracia rima com combate à desigualdade, e não com intolerância. Significa desenvolvimento para combater as desigualdades, buscando a justiça social”, disse ele.
Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, disse estar honrado em “compartilhar com tantos democratas de nosso país esse momento de enorme importância, em que a convergência, a união, o desejo de paz e justiça se fazem tão nítidos por intermédio de vozes tão representativas da pluralidade de vozes do povo brasileiro. É uma noite dedicada à celebração de nossa história e de valores e princípios, de defesa da democracia”. Flávio Dino defendeu que “haja condições institucionais para que todas as investigações no nosso país possam ter seguimento, inclusive aquelas gravíssimas atinentes ao presidente da República e àqueles que o cercam”. “A lei deve ser para todos”, ressaltou.
ROBERTO FREIRE CRITICOU OS VETOS
Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania23, fez uma das mais significativas colocações do ato. Ele chamou a atenção para que não haja vetos na formação da frente democrática para derrotar Bolsonaro. “A tarefa de todos nós que aqui estamos é de ampliar ainda mais, sem vetos. É fundamental termos presente isso. Nas diretas, saudávamos todos aqueles dissidentes ou arrependidos que no passado tinham defendido o regime e que agora vinham se integrar pela reconquista democrática. Agora, precisamos de todos aqueles que queiram manter a democracia e dar continuidade à liberdade e fazer com que esse movimento seja um núcleo importante de algo orgânico – e que concretize fatos para a derrota desse governo que aí está”, disse ele.
O ex-candidato a presidente pelo PT, Fernando Haddad, foi um dos que procuraram demarcar posição além da luta principal pela democracia.“Eu entendo que aqui há várias perspectivas colocadas e que a defesa da democracia em si já é uma causa muito importante”, argumentou. Ele denunciou as mazelas provocadas por Bolsonaro e seu governo e propôs que a unidade se desse em torno de duas questões. Eu proponho “unir as pessoas que estão aqui em torno de duas causas: o afastamento do presidente Bolsonaro, que deve responder por crime de responsabilidade, autorizado pelo Congresso Nacional”. “E eu faço um apelo para que todos que estão aqui e que conhecem o presidente Lula há 40 ou 50 anos, façam um exame de consciência e verifiquem se já não chegou a o momento da gente resgatar os direitos políticos dele, que manifestamente não cometeu crime nenhum e deveria estar entre nós discutindo o futuro do Brasil”, disse Haddad.
O ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes (PDT) iniciou sua fala dizendo que ‘haverá uma hora, um momento, em que nós precisamos, com profundo e generoso sentimento de reconciliação, debater o que deu causa à tantos milhões de brasileiros nos conduzirem, pelo seu voto, à essa tragédia em que nós estamos vivenciando”. Ciro disse, também, que “haverá hora para discutirmos um novo programa de desenvolvimento”.
“Agora é hora de defender a democracia”, salientou. “O Brasil não resistirá à debacle da democracia e nós lutaremos, qualquer que seja a necessidade”, disse Ciro, acrescentando que “muitos de nós já têm história, outros de nós teremos que afirmar agora. Haverá resistência, nunca mais a ditadura”.
O apresentador de TV Luciano Huck, também conclamou à unidade dos democratas. “Ou todos nós nos envolvemos na busca de caminhos e soluções possíveis, ou vamos seguir nessa mesma situação que estamos hoje: divididos, disfuncionais, sem um sonho maior em que todo mundo possa acreditar. A história da democracia não tem fim. É uma obra aberta em que a gente experimenta, todos os dias, novas emoções. Ela é imperfeita, mas é o arranjo político que mais deu certo até hoje. Chega de iluminar o que nos separa e vamos começar a iluminar o que nos une”, afirmou, depois de relatar sua experiência de participação numa feira de ciências organizada por estudantes de periferias de grandes cidades.
“IDEÁRIO BOLSONARISTA É UM ESTORVO”
Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, destacou que “o ideário bolsonarista é um estorvo para a nação”. “O negacionismo, que é a negação da ciência, é a tentativa de reescrever a história, de atacar a cultura. É o obscurantismo, que é primo-irmão do autoritarismo”, avaliou. “Nesse momento é preciso ter saídas no plano da política”, apontou Luciana. A presidente do PCdoB fez questão de lembrar que “nos momentos agudos, de virada, sempre se precisou de frentes amplas, de unidades em torno de bandeiras, sempre foram de matrizes ideológicas heterogêneas. É preciso afirmar o óbvio, que hoje é a defesa da democracia e da liberdade”.
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) lembrou a fala de Ulysses Guimarães: “tenho nojo à ditadura”. “Nós precisamos nos unir. Quero me incorporar integralmente a esse movimento em defesa da democracia e pelo seu aperfeiçoamento”, disse ele, acrescentando que é necessário que “haja mais oportunidades para o jovem, que o país retome crescimento, emprego, que diminua essa vergonhosa desigualdade social. É hora de deixar de lado os personalismos e nos unirmos em termos de valores, de princípios, em defesa da democracia e do interesse público”.
O ex-candidato a presidente, Guilherme Boulos (PSOL) também marcou as diferenças entre ele e a frente. Disse que vê a democracia diferente dos participantes do ato. Lembrou o que chamou de “golpe de 2016” e insinuou que muitos que estavam no evento não teriam se posicionado contra a saída de Dilma.
“Num momento como esse é preciso unir as forças democráticas. Na luta contra o fascismo não pode existir ambiguidade, meias palavras. Defender a democracia é derrotar o governo que quer destruí-la. É derrotar Bolsonaro, por impeachment ou por cassação da chapa”, disse, acrescentando que “crimes de responsabilidade e crimes eleitorais não faltam. Da mesma forma que impeachment sem crime é golpe, como foi em 2016, crimes sem impeachment é omissão. Por isso, defender a democracia é dizer fora Bolsonaro.”
Foi um discurso que destoou dos demais, que defenderam a unidade na luta contra o governo Bolsonaro e a formação da mais ampla unidade possível, em torno da proposta de combater as ameaças do fascismo.
Alessandro Molon (PSB-RJ) criticou duramente o governo Bolsonaro e defendeu a política de frente ampla para derrotar as ameaças que o governo vem representando à democracia.
Tábata Amaral (PDT-SP) também reforçou a necessidade da unidade, “apesar das nossas diferenças de pensamento”.
O ex-senador José Aníbal (PSDB) se disse entusiasmado com a unidade que se está construindo pela democracia.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, também se colocou na linha de frente da luta pela democracia.
Marcelo Calero (Cidadania23) também discursou. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) estava presente ao ato pela democracia, assim como Alexandre Padilha (PT), Lídice da Mata (PSB), Maurício Fruet (PDT), André Figueiredo (PDT) e muitos outros parlamentares e demais personalidades. Fernanda Melchionna, líder do PSOL, criticou os que combatem a frente e não querem participar dela.
Carlos Siqueira, presidente do PSB, disse que “precisamos fazer uma frente contra o fascismo que ameaça a nação brasileira”. “Não é uma direita qualquer é a extrema-direita fascista. Que nos negaria, se tivesse a oportunidade, os mínimos direitos democráticos, como tenta fazer. Por isso a unidade dos mais diferentes espectros políticos é necessária, e não apenas para vencer o fascismo tirando o Bolsonaro do poder, mas para unir a nação, para se reconstruir dos destroços que ele deixará”, observou.
Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara, lembrou que “é bom que aqueles que defendem a democracia estejam juntos”. “Agora, quero destacar que tão importante quanto a democracia é a retomada do desenvolvimento, do crescimento da economia. Não há saída para a crise fiscal, para o desemprego, para o desespero das prefeituras, que não seja o país voltar a crescer. Precisamos nos unir em torno de uma agenda pelo crescimento, pela redução das desigualdades e pela garantia da democracia”, defendeu.
“TRABALHAR EM TORNO DO QUE NOS UNE”
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), argumentou pela necessidade de união pela democracia. “Trabalhar os temas que me unem aos interlocutores. Se eu começar a dizer tudo o que eu sou e quero e eles fizerem o mesmo, haverá um choque. Para mim, tem duas coisas que devem ser o toque de união dos democratas brasileiros: o respeito à Constituição e a defesa da democracia”, assinalou o tucano.
“É claro que nós temos várias razões, como a Amazônia, com a grilagem de terras indígenas. O que me une a todos vocês, não importando a que partido vocês pertencem, ou se não pertencem a nenhum, o que me interessa é que nós fechemos questão em uma frente amplíssima em torno da defesa da democracia e do respeito da Constituição brasileira”, defendeu.
Camilo Santana (PT), governador do Ceará, destacou a necessidade da “somatória de vozes em defesa da democracia e das instituições brasileiras”. “É um momento de crise sanitária, política e de valores. Um momento de banalização dos valores, com atos em defesa do AI-5, em defesa da ditadura. Isso é inaceitável. Sou filho de um homem que foi torturado na ditadura. Homens e mulheres morreram lutando pela liberdade deste país. Que esse movimento traga esperança para nossa juventude, para nossas crianças e um país menos desigual”, afirmou.
Paulo Câmara, governador de Pernambuco, lembrou que “a sociedade civilizada não prospera se não tiver a democracia como pressuposto. A democracia também tem suas condicionantes básicas: pressupõe diálogo, divergência, crítica, liberdade e diversidade”. Câmara fez duras críticas a Bolsonaro. “Lamentavelmente, esse comportamento antidemocrático e sem responsabilidade, além de representar um retrocesso civilizatório sem precedentes, tem custado a vida de muitos brasileiros”.
DRAUZIO: BOLSONARO FEZ TUDO PARA SABOTAR LUTA CONTRA COVID
O médico Dráuzio Varella lembrou que “esse clima de autoritarismo e ódio plantado entre nós não ajuda o país. Veja o que está acontecendo com a pandemia. O presidente não apenas se eximiu da responsabilidade de coordenar um esforço de organização do SUS – função que seria do governo federal -, como fez de tudo para convencer a população a quebrar o isolamento, a andar sem máscara e a formar aglomerações nas ruas. O que nós ganhamos: 55 mil mortes até agora”.
O ex-corintiano Walter Casagrande também disse que podiam contar com ele “sempre pela democracia do Brasil. Lutar contra os movimentos racistas. Somos antirracistas. Vamos lutar pela proteção dos povos indígenas, pelo direito às terras indígenas”, afirmou.
A cantora Zélia Duncan disse que o fascismo não gosta da Cultura. “Eles querem destruir a cultura porque ela representa o povo”, disse ela. “Não vão conseguir, porque nós vamos resistir”, acrescentou. Vários outros artistas falaram ou se apresentaram durante o evento pela democracia. Participaram o evento também os jornalistas Reinaldo Azevedo e Fernando Gabeira. O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM), também saudou a iniciativa e se colocou à disposição da luta pela democracia.
Roberto Cláudio, prefeito de Fortaleza, se solidarizou com “as liberdades do povo brasileiro”. “À luta pelo bom senso, pelo equilíbrio, respeito e tolerância nas relações humanas. Luta, sobretudo, contra o que considero a maior chaga da nossa sociedade, que é a desigualdade social, marcada vergonhosamente por uma concentração inaceitável de fortuna, de poder e de privilégios”, afirmou. “Movimentos como este não deixarão prosperar qualquer tipo de ameaça formal ou subliminar aos direitos democráticos do brasileiro, por mais recente que seja a democracia em nosso país”, acrescentou.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL) disse que “agora, é hora de fortalecer as instituições. Qualquer diferença que possa existir entre essas pessoas convidadas para esse grande encontro são pequenas perto do que temos em comum, que é a defesa da democracia. Defendê-la, hoje, é defender a vida”.
A deputada Leci Brandão destacou que o ato “renova nossas esperanças”. “Esse ato é um gesto de união de lideranças políticas brasileiras que têm pensamentos e opiniões diversas. Viva a democracia, viva a diversidade”, disse ela.
O senador Tasso Jereissati (PSDB) defendeu os valores da democracia. “Esses são valores que temos que cuidar no dia a dia, na divisão de poderes, no direito de expressão, no respeito ao contraditório. Fundamentar esse direito ao contraditório exige tolerância. O radicalismo não tem tolerância”, argumentou. O economista Eduardo Moreira afirmou que “o debate deve existir nessa arena, na arena da maioria. Nela existem divergências, existe o debate até mesmo quente, de opiniões muito diversas, mas o debate”. “Exigimos direitos já, de viver em um ambiente democrático e que traga de volta a esperança para todos os brasileiros, que não aguentam mais o governo de Bolsonaro”.
Para o deputado federal (MDB-PE) Raul Henri, a unidade é fundamental para a defesa da democracia. “Ela não é apenas o direito de pensar com liberdade, de se expressar e de fazer escolhas. Ela também é o único instrumento que temos para buscar outros objetivos, políticos, econômicos e sociais. Vamos ficar unidos, esquecer, por um momento, as divergências, ficar na trincheira da resistência democrática, com muita esperança no futuro do Brasil”, defendeu. A ex-prefeita Marta Suplicy também argumentou que “temos que deixar as diferenças de lado em nome de algo que é muito maior”. “O caminho é a formação, a criação, de uma frente ampla que acabe com o risco desse governo autoritário e que dê esperança para o nosso povo”, argumentou.
PERPÉTUA ALMEIDA DEFENDE CPI PARA INVESTIGAR BOLSONARO
A Líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida, foi enfática na defesa da frente ampla para derrotar Bolsonaro. Ela lembrou que estão sendo recolhidas assinaturas para a instalação de uma CPI para investigar as ilegalidades cometidas pelo Presidente da República. O ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que “é fundamental que se minimizem as diferenças e se maximize aquilo que nos une, que é exatamente a democracia e a sua manutenção”.
Falou também Diógenes Lucca, ex-comandante da PM de São Paulo. Desde jovem “já sentia os ventos que sopravam querendo inaugurar um novo momento, que é a abertura democrática. São quase 32 anos de vigência, que me causam espanto. Evidentes retrocessos quando as ações confundem ordem com truculência, respeito com autoritarismo e frequentes mensagens subliminares que flertam com rupturas. No que tange à classe a qual faço parte, posso afirmar de forma categórica que a maioria dos militares são fiéis aos valores já mencionados [da Constituição] e só desejam o equilíbrio e o progresso de nosso país dentro do estado democrático de direito e instituições de estado, jamais de governo”, disse.
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo, lembrou que “na história do Brasil, toda vez que foi preciso a união dos brasileiros, eles se juntaram. Seja na anistia, nas diretas já, nós tivemos exemplos de união e de movimento forte. Agora, mais do que nunca, é hora dessa união em defesa das instituições, dos direitos das minorias, da democracia, em defesa da Amazônia, do meio ambiente, da cultura”. Governador do Piauí, Wellington Dias (PT) falou do hino do Piauí, que diz “Vendo a pátria pedir liberdade/O primeiro que luta é o Piauí”. “Estamos junto com os piauienses, com os brasileiros e brasileiras, em defesa das instituições, da democracia e da nossa constituição, que certamente é uma das mais avançadas”.
Cristóvam Buarque (Cidadania23) defendeu o fim da divisão entre os democratas. “Precisamos superar a nossa divisão, que ainda é muito grande. Muitos de nós estão pensando em 2022, e não no agora”, disse ele.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), argumentou em favor da democracia e saudou a unidade demonstrada no ato. “Eu quero liberdade de opinião, a oportunidade da contestação pública, o direito da participação de todos. Tudo isso sob regras claras, sob as normas da constituição, sem personalismos, sem mitos”, disse.
O ex-governador Tarso Genro (PT), por seu turno, defendeu a participação de todos na frente democrática “porque o momento é de luta contra o fascismo. Momentos como estes exigem que deixemos as questões internas de lado para nos somarmos na luta democrática”.
“NÃO HÁ OUTRA ALTERNATIVA QUE NÃO A DEMOCRACIA”
A economista Monica de Bolle, ex-FMI, disse que se junta à todas as vozes, “evidentemente em favor da democracia, sempre. Não há outra alternativa que não a democracia”. “No momento de crise e de pandemia, certos marcos democráticos, e apenas democráticos, ficam em evidência na reformulação desse mundo que vai ressurgir. Esses marcos passam pela reorientação da política econômica em torno dos pilares da proteção social, da educação, da saúde e do meio ambiente”, defendeu.
A ex-ministra Marina Silva (Rede) disse que “a nossa democracia é o único antídoto, a única defesa a esse tipo de ataque. Nenhum retrocesso a mais e que a gente possa estar unidos em uma agenda que se qualifica na defesa da dignidade humana, na defesa da vida e da democracia”.
Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, defendeu que “sem democracia não há vida, não há direitos, não conseguimos construir essa nação. Vamos sempre lutar por liberdade”.
Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB defendeu que “todos estejam no mesmo campo, um campo democrático, de liberdade e pluralidade”. “200 milhões de brasileiros diferentes, iguais, concordâncias, discordâncias. Cobrança ao respeito à liturgia das funções públicas. Missão de todos nós é sustentar esse ambiente democrático”. “Não há mais espaço para aventuras autoritárias. Essa noite é uma demonstração disso, onde com respeito à diversidade, todos estamos juntos no mesmo propósito”, afirmou.
Discusaram também Marcelo Ramos (PL-AM), Luiz Penna, presidente do PV, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Pedro Ivo, porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade e Marcio Jerry (PCdoB-MA). “Aqui nesse encontro, somos diferentes em partidos e pensamentos, mas estamos unidos contra o autoritarismo, porque somos liberdade e somos democracia. Não aceitamos nenhum passo além da democracia. Somos direitos já”, disse Marcelo Ramos. Penna reforçou a unidade. A deputada Jandira Feghali foi contundente na defesa do afastamento de Bolsonaro. “Temos que seguir nesta linha da frente ampla para derrotarmos as ameaças que o governo faz à democracia”, defendeu a parlamentar carioca.
Renata Abreu, presidente do Podemos, disse que “as diferentes é o que engrandece esse debate. Saber respeitar, saber lutar”. “É uma falácia dizer que a ditadura foi a solução de todos os problemas. Pelo contrário. Hoje, estamos unidos com as nossas diferenças ideológicas, que são muitas, mas em prol do que nos une, que é a liberdade. A liberdade de expressão, de escolha, e isso precisa estar sempre presente nos nossos debates. Isso é democracia”, afirmou.
Dezenas de outros artistas, juristas, personalidades, lideranças de entidades e lideranças políticas discursaram no ato, como Igor Galvão, da UNE, Antônio Neto, da CSB, Miguel Torres, da Força Sindical, Ricardo Patah , da UGT, Bira, da CGTB, José Calixto, da Nova Central, Flávia Calé, da ANPG, Rozana Barroso, da UBES, e outros. O ato foi encerrado pelo aniversariante do dia, o ex-ministro Gilberto Gil. Ele disse que apoia “a luta necessária pela democracia, pelos direitos humanos e pela manutenção das conquistas que conseguimos até aqui”. Gil cantou “Viramundo”, que compôs em conjunto com José Carlos Capinam.
PEDRO BIANCO E SÉRGIO CRUZ
Assista aqui
Matéria muito boa reproduz com isenção o pluralismo da frente ampla pela defesa da democracia.