Em meio aos maiores índices de queimadas registrados na história na região Amazônica, no Pantanal e outros importantes biomas do país, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) interrompeu o trabalho das brigadas que atuam no combate aos incêndios florestais.
O órgão divulgou uma nota nesta quinta-feira (22), onde afirma que passa por “dificuldades quanto a liberação financeira por parte da Secretaria do Tesouro Nacional”. Segundo o Ibama, o recolhimento das brigadas que atuam no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), se dá por “exaustão de recursos”. Segundo o órgão, os pagamentos atrasados somam R$ 19 milhões.
Para a Associação Nacional dos Servidores de Meio Ambiente (ASCEMA), o fato “é mais um absurdo deste governo que não prioriza recursos para prevenção e combate às queimadas, fiscalização ambiental, ciência e tecnologia, saúde, vacinação da Covid-19 e etc. Um governo que rasga dinheiro com o fim do Fundo Amazônia e agora diz que não tem recursos”.
“Se o governo não repassa recursos, os servidores e os brigadistas não podem estar em campo, arriscando suas vidas sem o mínimo de suporte e garantias nem condições apropriadas de trabalho”, afirma a entidade.
Além da nota do Ibama, até o momento o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não se pronunciou sobre o recolhimento das brigadas.
Segundo reportagem da comentarista da GloboNews, Ana Flor, Salles esteve na quarta-feira (21) com o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, na reunião do Comitê Interministerial sobre Mudanças do Clima, onde entre os temas debatidos estavam as queimadas e o desmatamento, mas, apesar disso, “o ministro do Meio Ambiente não falou sobre a falta de recursos para o combate aos incêndios florestais”.
Análises do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que as queimadas no Amazonas este ano superaram o recorde anterior, em 2005, e passou a ser o maior da história. No Pantanal, o recorde também é histórico, com cerca de 33 mil km² atingidos e 26% do bioma, que possui 83% de cobertura vegetal nativa e a maior densidade de espécies de mamíferos do mundo, consumidos pelo fogo.
De acordo com dados oficiais do Portal da Transparência, o corte de verbas para o combate e controle de incêndios florestais acontece desde o início do governo Bolsonaro, com redução de 58% entre 2019 e 2020.