Enormes filas voltaram a se formar em todo o país, desta vez em frente aos postos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), após o governo anunciar a reabertura do atendimento presencial para esta segunda-feira (14).
Em muitas cidades, no entanto, sem nenhum aviso prévio, várias unidades simplesmente não abriram, e usuários que haviam agendado perícia médica ou outros atendimentos tiveram que voltar para casa sem atendimento.
Em todas as filas as reclamações eram as mesmas, de que o INSS não comunicou, seja por SMS ou email, que os médicos peritos não retornariam ao trabalho e que o atendimento nessa área permaneceria suspenso.
O retorno do atendimento nos postos já havia sido adiado algumas vezes pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho para que o órgão se adequasse às medidas sanitárias em decorrência do coronavírus, para proteger a população em geral e, em especial, os funcionários do órgão, que defendem a permanência do atendimento à distância.
De acordo com a Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP), a categoria decidiu não retomar as atividades presenciais porque apenas 12 das mais de 800 agências com serviço de perícia foram aprovadas em vistorias realizadas pela entidade.
“Mesmo com todo o alarde da pandemia, ainda tínhamos agências sem EPI [Equipamentos de Proteção Individual] até o presente, dentre diversos outros problemas”, afirmou a associação.
Além da decisão dos médicos, em São Paulo, uma decisão judicial a pedido do Sindicato dos Trabalhadores do INSS, suspendeu o atendimento presencial. Sem serem informados, centenas de pessoas começaram a lotar os postos desde às 5h.
O mesmo aconteceu em outros municípios. Em Belo Horizonte, por exemplo, onde o INSS havia anunciado a reabertura de 7 unidades, apenas dois postos reabriram e, mesmo assim, sem atendimento de perícia médica.
No Paraná, em algumas cidades do interior, quase todas as unidades permaneceram fechadas. O mesmo aconteceu no Rio de Janeiro e capitais e municípios de todas as regiões do país.
O descaso com a população e os funcionários do órgão é tanto, que, após todos esses meses sem atendimento, o próprio INSS admitiu que muitos postos não reabriram por falta de materiais de proteção contra o coronavírus, que ainda estão em fase de implantação e que o retorno só vai ocorrer quando tudo estiver 100% preparado.
“Mais uma vez o INSS de cima do seu pedestal deu as costas para uma série de alertas feitos pelas entidades sindicais em relação a pandemia e a fragilidade de um pseudo protocolo sanitário que não se sustenta para promover a reabertura das agências do INSS”, diz nota do sindicato dos trabalhadores do órgão.