Nesta terça-feira (03), os servidores da segurança pública realizaram um ato em repúdio à reforma administrativa (PEC 32), projeto que atinge diretamente os servidores e precariza os serviços públicos.
O ato contou com a presença de guardas civis municipais, policiais civis e federais, representantes de sindicatos, e dirigentes das centrais CTB e CGTB.
O protesto saiu da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, no Eixo Monumental, e saíram em caminhada até o Congresso Nacional, onde parlamentares se juntaram em apoio aos protestos. De acordo com os organizadores, estiveram presentes no ato cerca de 2 mil servidores.
O vice-presidente do Sindicato dos Agentes da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (Ugeirm), Fabio Castro, destacou a importância do ato como preparativo para a greve geral dos servidores, convocada para o próximo dia 18 de agosto, com representações de todo o país demonstrando aos parlamentares a insatisfação com a proposta da PEC.
Antônio Augusto Medeiros, presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Rio Grande do Sul (Sintergs), também esteve na Capital Federal e avaliou positivamente o ato. Medeiros enfatizou que, caso a proposta do governo de Jair Bolsonaro seja aprovada, fará com que o servidor público deixe de representar o Estado e passe a representar o político de plantão.
Para Medeiros, o governo Bolsonaro usa o servidor público como “Cavalo de Tróia”, ao alegar que a PEC vai “atacar” privilégios. Ao contrário disso, a proposta não visa reduzir qualquer privilégio, pois os servidores estão há muito tempo sem reajuste.
O presidente do Sintergs estima que, ao acabar com a obrigatoriedade do concurso público, a reforma administrativa fará com que os governantes e políticos tenham à disposição mais de 200 mil cargos de livre nomeação. “É mais do que um ataque, é um desmonte total, é a ofensiva do capital para tomar de assalto o serviço público”, completa.
O deputado federal Bira do Pindaré (PSB-MA), também presente no ato, reforçou que a reforma administrativa representa um verdadeiro desmonte dos direitos dos servidores públicos (policiais, professores, profissionais da saúde, etc.) e que será extremamente prejudicial para o funcionamento dos serviços públicos.
“Bolsonaro agora só fala em voto impresso, ele só fala disso. Esse final de semana fizeram até manifestações, e por que estão fazendo isso? Estão fazendo para desviar a atenção, não querem que o povo saiba das maldades que estão fazendo contra os brasileiros, como é o caso da PEC 32 que vai acabar com a estabilidade dos servidores públicos, com as carreiras do serviço público e vai prejudicar sua oferta em todo o país. Estão querendo esconder a corrupção da vacina Covaxin que a CPI está revelando para o Brasil. É essa a verdadeira razão do movimento que ele levanta pelo voto impresso”, disse o parlamentar em sua intervenção no carro de som do ato.
No plenário da Câmara, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que a PEC representa aquilo que Guedes defendeu na reunião ministerial de que iria colocar uma granada no bolso dos servidores e “vaucherizar” os serviços públicos.
A parlamentar leu um trecho da carta aprovada no encontro dos servidores, nos últimos dias 29 e 30, e pediu para que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), recebesse os representantes dos servidores que realizavam o ato às portas do legislativo.
“A proposta da reforma administrativa ataca conquistas democráticas e pactos sociais construídos desde a redemocratização. As consequências de uma eventual aprovação da reforma serão sentidas não apenas pelos servidores, mas por todos os brasileiros, uma vez que todos, sem exceção, utilizam os serviços públicos. Situação que deixa os trabalhadores e todos aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade”, leu a deputada.