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Os trabalhadores dos setores de saneamento e energia elétrica realizam, nesta terça-feira (14), uma manifestação contra a privatização da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), em frente à Bolsa de Valores “B3”, no centro da capital paulista. O ato faz parte da campanha “Fevereiro Azul” e terá ações em todo o Brasil como forma de alertar a população sobre o risco da privatização do saneamento no país.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), José Faggian, declarou ao HP que o protesto faz parte da campanha contra a privatização do setor, com um destaque especial para a Sabesp, muito debatida pelo governador Tarcísio. “Ele tem demonstrado e feito vários esforços no sentido de viabilizar a privatização dessa importante empresa, que é a Sabesp, um patrimônio do povo paulista e que tem um papel importante na garantia de saúde da nossa população”.
Faggian explicou que a expectativa é de que o ato amplie o debate em torno da defesa da empresa, que já vem ganhando um caráter nacional. “Com companheiros de vários estados, o movimento se amplia. São trabalhadores do Paraná, de Santa Catarina, de Minas Gerais, de Roraima, de Goiás, entre outros estados, que estão aqui participando do nosso encontro de comunicação, que acontece no dia de hoje, e que amanhã vão participar desse ato. Então, nossa expectativa é muito boa”, disse.
Faggian afirmou que os trabalhadores da Sabesp estão construindo o movimento para aglutinar outros setores e a população em geral. “Nós queremos, a partir desse ato, intensificar esse processo de luta, que já está em curso, contra a privatização. E para isso estamos dialogando com trabalhadores de outros setores, além de todas as entidades internas da categoria. Também temos dialogado com movimentos sociais que farão parte da atividade”, completou o sindicalista.
Em vista de alertar a população dos riscos por trás da tentativa de privatização da estatal, o Sintaema, junto com os metroviários, fará uma panfletagem a partir das 6 horas da manhã desta terça feira (14). “ Porque a gente entende a importância de incluir nessa luta em defesa do saneamento e da Sabesp outras categorias do serviço público e do serviço privado porque, afinal de contas, a questão do saneamento diz respeito a todos, não só aos trabalhadores do setor, bem como a importância de aumentar esse diálogo com a população em geral”, disse o presidente do Sintaema. A panfletagem acontecerá nas estações da Luz, Jabaquara e Itaquera.
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O Sintaema tem alertado para o risco de se colocar adiante o projeto de privatização bancado por Tarcísio porque, além de a Sabesp ser uma empresa lucrativa – considerando que o governo de São Paulo, como maior acionista, recebe mais da metade dos dividendos pagos por ano, algo em torno de R$ 500 milhões – cumpre um papel importante para a garantia do abastecimento nas regiões mais distantes do estado.
“No nosso entendimento a empresa pode ser lucrativa, mas não pode ter como principal objetivo o lucro. O único motivo para se privatizar a Sabesp é contemplar o mercado e a iniciativa privada, que está com grande voracidade em abocanhar este grande patrimônio do povo paulista”, disse Faggian.
De acordo com a entidade, cerca de 80% da arrecadação da Sabesp é oriunda de 15 municípios, em especial a capital paulista e a região metropolitana. Assim, caso seja privatizada, além do risco de aumento das tarifas e da queda de qualidade dos serviços prestados, os municípios menores correm o risco de desabastecimento pois, do ponto de vista da geração de lucro, é inviável economicamente pelos altos valores que precisam ser empregados sem expectativa de retorno financeiro. Atualmente, a Sabesp utiliza da lógica de subsídio cruzado, onde os municípios mais rentáveis financiam os deficitários.
Nesse sentido, o ato desta terça terá um papel importante para alertar a população dos riscos da privatização e servirá de preparação para a Conferência da ONU sobre Água, marcada para 22 e 24 de março, em Nova Iorque (EUA), ressalta a entidade.
RODRIGO LUCAS