Corte já pediu manifestação da PGR em outras três ações e até agora Augusto Aras, indicado por Bolsonaro, não opina. Parlamentares pedem que Bolsonaro seja investigado por interferência na Polícia Federal
Os últimos acontecimentos que envolvem Bolsonaro nos escândalos do MEC (Ministério da Educação) o estão enredando, a menos de 4 meses das eleições de outubro.
O STF (Supremo Tribunal Federal) pediu, nesta quarta-feira (29), para a PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestar sobre pedido para que seja apurada eventual interferência do chefe do Poder Executivo na Polícia Federal, durante as investigações sobre o esquema de corrupção na pasta.
Com mais este pedido, agora já são quatro manifestações do STF para a PGR nesse sentido.
A PF apura o favorecimento de pastores evangélicos na distribuição de verbas do MEC. Na última quarta-feira (22), o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores denunciados foram presos. Um dia depois, eles foram soltos, por decisão da Justiça.
“PRESSENTIMENTO” DE BOLSONARO
Segundo interceptação telefônica feita pela Polícia Federal com autorização da Justiça, em 9 de junho, Ribeiro disse à filha que Bolsonaro havia relatado a ele “pressentimento” de que as investigações, a prisão e o processo poderiam ser usados para atingir o presidente da República.
Na conversa, Ribeiro também falou da possibilidade de ser alvo de busca e apreensão, como de fato foi, dias depois.
“Hoje, o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento novamente de que podem querer atingi-lo através de mim, sabe?”, disse Ribeiro ao telefone. Em seguida, o ex-ministro afirmou: “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe? Bom, isso pode acontecer, se houver indícios, mas não há porquê”, disse o ex-ministro à filha.
A filha de Ribeiro o avisa que está falando de uma telefone “normal”. O ex-ministro da Educação muda de conversa e diz que vai ligar depois.
QUARTO PEDIDO DO STF
Este é o quarto pedido que o STF envia à PGR. A nova decisão é da ministra Cármen Lúcia que afirmou que vê a “gravidade incontestável” na situação.
A ministra também analisou notícia-crime apresentada ao Supremo por senadores do PT.
O envio é praxe nesse tipo de caso. Cabe à PGR decidir se há elementos para abrir investigação formal contra Bolsonaro.
REPRESENTAÇÕES
Cármen Lúcia também encaminhou para a PGR pedidos dos deputados Reginaldo Lopes (PT-MG), Israel Batista (PSB-DF) para que o presidente seja investigado.
O ministro Alexandre de Moraes também remeteu para a PGR pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para abertura de inquérito também pela suposta interferência na PF.
O advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, disse ter sido autorizado pelo presidente a dizer à imprensa que ele “não interferiu na PF” e que não tem “nada a ver com essas gravações”.
Para variar, o presidente da República tenta tirar o corpo fora da crise e deixa o ex-ministro sozinho em mais esse turbilhão que draga o que já se pode considerar o pior governo, desde a redemocratização, em 1985.
M. V.