O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) repudiou a fala de Tarcísio de Freitas e, em nota publicada no site da entidade, desmascarou as “5 falácias” enumeradas pelo governador, que voltou a defender a privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), em coletiva à imprensa na última segunda-feira (31).
“As afirmações de Tarcísio com essa coletiva à imprensa é reforçar a sinalização para o capital financeiro internacional [os banqueiros]. O lucro com a Sabesp é, na verdade, o real motivo dessa investida pela privatização e estamos trabalhando duro para alertar a população sobre o que esconde as mentiras de Tarcísio”, afirma a direção do Sintaema.
Durante a entrevista, o governador defendeu que a privatização trará “redução da tarifa e ganhos financeiros para o estado”. Para o sindicato, na verdade, “o discurso sedutor de Tarcísio de Freitas esconde um crime e violação de direitos contra o povo paulista”.
Sobre a redução da tarifa, citada pelo governador, o sindicato retruca afirmando que é “mentira” e que “em nenhum momento da coletiva ele citou um exemplo de cidade, estado ou país que reduziu a tarifa de água após a privatização”. O Sintaema cita o exemplo do Rio de Janeiro, que após ter a sua estatal privatizada, “a população tem sido surpreendida com contas de água que chegam a casa dos R$ 8 mil”.
Sobre a manutenção da qualidade dos serviços, a entidade afirma que “o governador esqueceu de dizer que, pelo mundo, as privatizações dos setores de água e energia só geraram precarização, ampliação da devastação do meio ambiente e a distribuição de uma água de baixa qualidade”.
“Não por acaso que, entre 2000 a 2019, 312 cidades, em 37 países, reestatizaram seus serviços de tratamento de água e esgoto”, diz o Sintaema, e enumera: “entre eles, Alemanha, EUA, França, Bolívia, Argentina, Equador, Venezuela, Honduras e Jamaica. Isso tudo porque os governos desses países perceberam tarde que o objetivo da privatização era garantir o lucro das empresas privadas e não a execução desse serviço tão essencial”.
Afirmando ser mais uma falácia de Tarcísio de Freitas dizer que com a privatização vai acelerar a universalização dos serviços, o sindicato acusa o governador de nem ao menos verificar o que está sendo feito pela Sabesp que, hoje, já apresenta índices significativos de cobertura nos municípios operados.
São 90,7% de coleta de esgotos, e 85% de tratamento, informa o sindicato, afirmando que são “indicadores que a colocam como uma das melhores empresas do Brasil no serviço prestado”. E reitera: “ou seja, não há motivos para privatizar para se atingir os 100% da universalização, basta que o governador priorize a aplicação dos recursos que a Sabesp já possui neste objetivo”.
Sobre a fala do governador de que ampliará os investimentos, o Sintaema afirma que é “mais uma falácia para garantir a destruição da terceira maior empresa de saneamento do mundo”. “Neste ponto, o governador também esqueceu de mencionar os números que fazem da Sabesp a potência que ela é. Primeiro, já está na previsão da empresa investir R$ 26,2 bilhões para alcançar índices de cobertura de 99% para abastecimento de água e 95% para a coleta de esgotos.
O sindicato cobrou ainda que em nenhum momento o governador falou em “abertura de concursos públicos”, e que Tarcísio, de maneira “empolada”, deixou claro que “não só entregará aos especuladores financeiros uma infraestrutura de ponta, que se firmou como uma referência no mundo para o setor de saneamento, mas também entregará todo o capital intelectual produzido em 50 anos de Sabesp, patrimônio do povo paulista, para que seja aproveitado ao bel prazer dos empresários e em prol de potencializar seus lucros”.
E alerta que “a água será a riqueza em disputa neste século. E, sendo o Brasil um país rico neste recurso (…), o capital internacional está de olho neste rico patrimônio. E Tarcísio representa os interesses desse capital internacional e não do povo paulista”, afirma.
De acordo com o Sintaema, “lutar em defesa da Sabesp não é apenas lutar por um patrimônio”. “Por onde ocorreu, a privatização gerou desalento e morte, pois a água é essencial para a vida e sem acesso de qualidade a esse direito as futuras gerações estarão em risco no próximo período”, finaliza.