“As instituições precisarão ser fortes, trincar os dentes”, defende o senador e ex-governador
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que Bolsonaro segue a mesma trilha golpista de Donald Trump, visando resistir a uma possível derrota em 2022.
“Lá (nos EUA), o Trump há anos já usava o mote do voto pelo correio, avisando que ele contestaria. O Bolsonaro faz a mesma coisa, é a mesma desculpa, mas com o voto eletrônico”, disse.
Para o senador, a diferença é o assédio de Bolsonaro aos policiais militares na tentativa de cooptá-los como cúmplices das suas ilegalidades.
“Qual a diferença? Se você olhar para entrevista coletiva do Ministério da Saúde, o ministro é militar. Os secretários são militares. Você olha as expressões que eles usam, não tem nem cacoete de médico, é puramente linguajar militar. E o mais perigoso: se você olha a agenda do Bolsonaro, ela é em grande parte dedicada a solenidades de formação de policiais militares”, assinalou, em entrevista ao jornal Valor.
“Ele corteja as polícias militares ainda mais que o Exército”, afirmou.
Tasso avaliou que as eleições para as mesas do Senado e da Câmara em fevereiro são muito importantes e é fundamental que o próximo presidente do Senado seja alguém preparado e não subserviente ao governo federal.
“O presidente do Senado, que preside o Congresso Nacional, terá de ser um cara preparado para este momento que vamos viver, não pode ser alguém que abaixe a cabeça para o Bolsonaro”, observou o parlamentar.
“Essas eleições da Câmara e Senado são mais importantes do que as pessoas estão percebendo. Não podemos fazer bobagem. E a Justiça precisa estar forte. Além disso, militares conscientes e afastados da política. É importante que nós, políticos, e a imprensa façamos um movimento de pressão para desmilitarizar o governo, desvincular as Forças Armadas do governo Bolsonaro”, destacou Tasso.
“As instituições precisarão ser fortes, trincar os dentes”, completou o parlamentar e ex-governador.
O senador criticou a demora da vacinação no país e classificou como “incompetência” do governo a carência de seringas e a morosidade em vacinar a todos contra a Covid-19 no país.
“Seria inimaginável chegar na hora da vacinação e faltar seringa. É de uma incompetência tão grande que chega a se imaginar que é de propósito. Não dá. É como você mudar para um apartamento novo e esquecer de comprar a cama. É impossível imaginar que o sujeito não pensou nisso. Digo isso como alguém que foi governador”, apontou.
“Em 1986, nós tínhamos problema de poliomielite, que é uma coisa muito séria. Fizemos várias campanhas de vacinação com 95% ou 96% de alcance. E seria inimaginável, mesmo num Estado pobre como o Ceará, chegar na hora da vacinação e não ter seringa. Ou é uma desorganização absoluta e profunda, ou é uma coisa de má vontade mesmo, e isso é criminoso, é prevaricação”, finalizou.