Em aceno ao eleitorado feminino, Tebet disse que quem governará o pais se eleita será “a alma da mulher e o coração de mãe”. A candidata foi a última a ser sabatinada pela bancada de jornalistas do JN (Jornal Nacional)
A candidata da coligação MDB, PSDB, Cidadania e Podemos, Simone Tebet (MS), afirmou que uma das suas metas, caso eleita, é erradicar a miséria no país em dois anos, durante sabatina no Jornal Nacional, na sexta-feira (26).
“Quando nós falamos em erradicar a miséria, é, de um lado, garantir a transferência de renda para quem está precisando. Isso vai cair à medida que ele vai entrando no mercado de trabalho. Do outro lado, é garantir escola de qualidade”, afirmou a candidata.
IGUALDADE SALARIAL ENTRE HOMENS E MULHERES
Na entrevista, a candidata citou uma das prioridades do plano de governo dela: projeto que prevê igualdade salarial entre homens e mulheres. “Estamos há 20 anos mudando um projeto desse e não conseguimos”. Ela disse que caso seja eleita, este será o projeto “número 1” da agenda da presidenciável.
Tebet citou ainda outro projeto ligado à pauta feminina: o que prevê vagas para mulheres nas executivas dos partidos políticos. Ela propõe que pelo menos 30% da composição seja feminina.
LEI DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Cobrada a detalhar mais as intenções manifestadas no plano de governo, a candidata prometeu dar transparência ao chamado “orçamento secreto”, com todos os ministros publicizando dados.
“Por que o orçamento brasileiro está na mão do Congresso? Porque nós temos um governo que não planeja nada. Ele não sabe onde quer chegar, para onde ele quer ir, não tem projeto de país e, com isso, o dinheiro fica solto. Cada um faz um puxadinho, daqui a pouco essa casa cai. Porque o alicerce, a base, não foi feito o dever de casa, que é o orçamento”, assinalou Tebet.
A senadora citou outra proposta de campanha chamada de Lei de Responsabilidade Social, que traça metas de redução da pobreza no País. Segundo ela, o projeto depende da realização de reforma tributária e da volta do crescimento no país.
Ela mencionou na entrevista que o programa de transferência de renda dela irá “dar o peixe e ensinar a pescar”.
“Quando o Brasil voltar a crescer e gerar emprego, você também diminui [a miséria]. Então, não é erradicar a pobreza só com dinheiro público. E, erradicar a pobreza, não é dando só transferência de renda. É dando o peixe ensinando a pescar”, argumentou.
PANDEMIA
Ao defender melhoria para a área de saúde, Simone disse que a pandemia foi um período triste para os brasileiros e criticou a atuação do governo Bolsonaro.
“Nós não vamos esquecer o legado da pandemia. Coisa triste que eu vivenciei lá. Eu não consigo falar sem me emocionar; e eu falo que eu tenho que me conter mesmo, porque foi um momento muito difícil da minha vida, porque eu entrei comovida e saí totalmente indignada com o que aconteceu lá dentro. Se negou vacina no braço do povo brasileiro; 45 dias de atraso. Quantas pessoas morreram neste período?”.
PROJETO ECONÔMICO
Para a economia, a senadora disse ter a melhor equipe dos “economistas liberais” do p6aís. E elenca prioridades: erradicar a miséria, diminuir a pobreza e acabar com a fome no País. Disse que acabando com o chamado “orçamento secreto”, é possível ter dinheiro para construir 1 milhão de casas.
Em seguida, ela citou a proposta de renda mínima, “já precificada pelo mercado”, segundo ela.
Nesse contexto, Tebet propõe, se eleita, decretar estado de calamidade para zerar filas de exames em hospitais, mencionada por ela como uma das principais sequelas da pandemia da Covid-19.
“Daqui a 10 anos, se vier de novo uma pandemia, uma guerra, esta geração estará preparada”, afirmou a candidata sobre as políticas para a primeira infância. Prometeu garantir 100% das vagas nas creches para crianças até 5 anos e Ensino Médio com alunos tendo mais acesso à internet. Citou, ainda, o programa chamado “Poupança Jovem”.
“Nós podemos decretar continuidade, estado de calamidade ou estado de emergência para fim de… Porque dinheiro tem, às vezes não tem o teto. Para fim de dizer para o prefeito: ‘Cumpra sua parte, faça os exames, mande a nota e nós vamos pagar’”, afirmou.
Para a senadora, a iniciativa abriria espaço no orçamento da União e permitiria, em dois anos, “zerar as filas do passivo” das “sequelas da Covid”. A iniciativa, de acordo com ela, não alcançaria as “filas permanentes” do sistema.
“O governo abriu calamidade pública, estabeleceu que tudo era calamidade pública para gastar dinheiro que não tem, para emitir títulos, para furar teto. Para fazer orçamento secreto, para cobrir gastos que não são da pandemia”, argumentou.
CORRUPÇÃO
A chapa de Simone é formada em aliança com senadora Mara Gabrilli (PSDB) e pode ser bem explorada na TV para cativar esse eleitorado que rejeita fortemente o presidente Jair Bolsonaro (PL) e que está hoje, em grande parte, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As mulheres são maioria do eleitorado e as campanhas defendendo acabar com a sub-representação feminina são fortes e presentes e tendem a ajudar nessa tarefa.
A sabatina com a candidata à Presidência da República pelo MDB, senadora Simone Tebet (MS) começou com pergunta espinhosa, que foi sobre o fato de o partido, o MDB, ter alas que se envolveram com o fisiologismo e com a corrupção.
Tebet respondeu que o partido “é bem maior que meia dúzia” de caciques, e citou lideranças históricas da legenda. Disse que seu partido é o de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Jarbas Vasconcelos, “de homens desbravadores, corajosos, e acima de tudo éticos, que têm espírito público e vontade de servir o povo”.
“O que me trouxe até aqui? Tive que vencer uma maratona com muitos obstáculos. Nós tivemos oito candidatos, e eu permaneci. Passou o Natal, virou o Ano Novo, chegou o Carnaval, disseram que o partido seria cooptado. Depois, que iria para uma outra candidatura. Tentaram, numa fotografia recente, levar o partido para o ex-presidente Lula”, disse Tebet.
A candidatura da senadora é sustentada pelo MDB e pela federação partidária composta por PSDB e Cidadania. E tem o apoio ainda do Podemos.
Simone Tebet foi a última entrevistada da série de sabatinas realizada pelo JN (Jornal Nacional). Antes, foram sabatinados, o presidente Jair Bolsonaro, na última segunda-feira (22); depois foi o candidato do PDT, Ciro Gomes, na terça-feira (23); e o ex-presidente Lula (PT), na quinta-feira (25).
Dos entrevistados na bancada do JN, o mais mal avaliado foi Bolsonaro. Ele passou boa parte dos 40 minutos na defensiva, traindo o próprio desconforto a cada pergunta que lhe faziam. Bolsonaro se esforçou para parecer calmo. Ele costuma ser “bom ator” quando se sente à vontade. Não estava à vontade.
REFORMA TRIBUTÁRIA E EDUCAÇÃO
A presidenciável defendeu a aprovação da proposta de reforma tributária em tramitação no Senado. Ela afirmou que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) só não foi votada porque Bolsonaro não quis. Sobre Imposto de Renda, falou em garantir mais faixas de isenção para a classe média. “Tirar dos mais pobres e taxar os mais ricos”.
Ela defendeu também a criação de um imposto sobre lucros e dividendos. Nesse sentido, está em linha com o presidenciável do PDT, Ciro Gomes.
No quesito educação, ela foi confrontada com dados do Estado dela, o Mato Grosso do Sul, quando foi vice-governadora (2011-2015). Segundo o entrevistador William Bonner, os números ficaram estagnados no período. “Saímos do governo com os professores recebendo os melhores salários do Brasil”, rebateu.
Disse também que os índices do Estado no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) cresceram no atual governo do seu Estado, que segundo ela, é uma “consequência” da administração que participou.
O Ideb é um indicador criado no segundo mandato de Lula (2007) para medir a qualidade do ensino nas escolas públicas. O último Ideb, realizado em 2019, declara a nota do Brasil sendo 5,7 nos anos iniciais, 4,6 nos anos finais e 3,9 no Ensino Médio da educação pública.
Ela citou a educação como “prioridade nacional absoluta”. E ainda afirmou que é necessário “muito mais que R$ 600” para mudar a condição de vida das pessoas. E voltou a dizer que quem está como candidata é “a alma da mulher brasileira”.
M. V.