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A senadora Simone Tebet (MDB-MS) criticou Bolsonaro e defendeu a democracia, o desenvolvimento do país e os direitos das mulheres em discurso feito em sua despedida do Senado.
Como foi candidata à Presidência da República, tendo chegado em terceiro lugar na disputa, não ocupará mais a cadeira do Senado Federal.
“Nossa missão é garantir que os direitos mais sagrados, invioláveis, individuais, fundamentais, como direito à vida, à liberdade, à igualdade e à propriedade, não sejam apenas de poucos, mas de todos”, afirmou Tebet aos demais senadores presentes em sua despedida.
Simone disse que, junto com a bancada feminina do Senado, “buscou superar o ódio, a violência, as injustiças, a incúria política e administrativa, o descaso e a omissão que, infelizmente, marcaram, nesses quatro anos, a cena política brasileira”.
A senadora argumentou que só tem cidadania plena “quem tem salário justo e digno, quem lê e escreve, quem mora, quem tem hospital e remédio e lazer para descanso”.
Simone Tebet teve um papel destacado nas últimas eleições, tendo recebido 4,9 milhões de votos e participado, no segundo turno, da campanha vitoriosa de Lula.
Em sua despedida, ela defendeu políticas de desarmamento e a paz. “É preciso que o ouvido conciliador volte a ocupar o lugar do grito de ordem, e que o diálogo assuma definitivamente o seu lugar no ditado, para que o amor definitivamente tome o lugar do ódio”.
“É preciso urgentemente que o livro volte ao lugar das armas, a esperança ocupe o lugar da iniquidade, a verdade varra definitivamente a mentira”, continuou.
Para ela, a Constituição Federal, “nossa maior e mais abrangente luz, não pode ser mero ornamento nas prateleiras vazias”.
Tebet afirmou que “a busca por igualdade de oportunidades sempre foi” sua “grande missão”.
“Lutei por um Brasil justo e solidário, para que a cidadania não fosse apenas uma mera figura de retórica nem se restringisse ao simples ato de ir às urnas votar, mas pudesse ser a mais absoluta e plena, pudesse representar aquilo que está na Carta Magna”.
“Procurei fazer da fagulha da esperança de muitos um facho de luz para iluminar os caminhos do povo brasileiro”, disse.
“Farei política enquanto viver, como cidadã, como professora, como advogada, repito, aonde quer que a vida me leve. Lutarei e continuarei a lutar por um Brasil sem fome e sem miséria, por saúde e educação de qualidade”, disse.
No evento, a senadora lembrou a luta na CPI da Pandemia, que expôs os crimes e a irresponsabilidade do governo Bolsonaro no combate à Covid-19. A doença e o negacionismo levaram mais de 691 mil brasileiros à morte.
Muitas dessas pessoas “poderiam estar vivas não fosse uma política de saúde pública movida pela insensatez, pela insensibilidade e pela omissão. Há tanto por fazer e há tantos retrocessos para combater”.
“Lutei e continuarei a lutar por um Brasil sem fome e sem miséria, por saúde e educação de qualidade, que devolvam a cidadania e nos retirem dessa vergonhosa situação de ser um dos países com maior desigualdade social do planeta; por um Brasil que volte a ter, na nossa diversidade, a nossa maior riqueza, afinal, somos um único país”, completou.
De saída do Senado Federal, Simone Tebet é cotada para assumir um ministério no governo de Lula, mas nada foi oficialmente divulgado.
Em um jantar realizado pelo MDB na quarta-feira (14), o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, falou que Tebet certamente chefiará um ministério, segundo o Estadão.
APARTES
Outros senadores fizeram questão de destacar a importância de Simone Tebet no Senado. Paulo Paim (PT-RS) disse que ela “é uma mulher além de seu tempo, que vai ajudar a reconstruir o Brasil para todos, sem nenhum tipo de preconceito, com olhar humano, uma visão de políticas humanitárias”.
Mara Gabrilli (PSDB-SP), que foi candidata a vice-presidente na chapa de Tebet, se disse honrada de “construir quase cinco milhões de votos com você”.
“Foi um orgulho poder representar com você a valorização do feminino que cuida, que faz as coisas com amor. O país só será desenvolvido de fato se não deixar ninguém para trás. O Brasil tem que ser de todos, incluindo as mulheres e a diversidade em suas tomadas de decisão”, continuou.
A senadora Leila Barros (PDT-DF) falou que Tebet “se agigantou” na campanha eleitoral. “Nos representou por ser mulher e por ter coragem no momento em que muitos ficaram em cima do muro, à espera da posição de terceiros. E a gente sabe o preço que você pagou. O governo que hoje tem que entender a sua força e o que você representa enquanto mulher”.
Eduardo Braga (MDB-AM) ressaltou o papel de Tebet dentro do partido. “Você foi a mulher que foi mais longe no MDB, que empunhou temas antes não levantados pelo MDB, e por uma voz feminina representando o partido”.