A principal testemunha na condenação a 145 anos de cadeia de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, entrou para o programa federal de proteção. Ela foi ameaçada diversas vezes após a colaboração com a justiça e decidiu abandonar tudo para proteger a família. Apontado como operador de propinas em São Paulo, Paulo Preto responde a outros processos e está preso em Curitiba.
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A testemunha entrou para o Provita (Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas) após seguidas ameaças de morte contra si e sua família. Souza está preso desde a deflagração da 60ª Fase da Lava Jato no Paraná, no desdobramento da Operação Ad Infinitium.
Na segunda-feira (24), a força-tarefa da Lava Jato conseguiu bloquear R$ 113 milhões de Paulo Preto localizados em um banco de Nassau, nas Bahamas.
Em 2018, no decorrer do processo, Paulo Preto chegou a ser preso por conta das ameaças contra a testemunha e logo, solto alguns meses depois em um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o advogado Emerson Flávio da Rocha, que representa a testemunha protegida, as ameaças continuaram mesmo com a prisão, e a cliente foi incluída junto com toda a família no programa federal de proteção às testemunhas.
“No início deste ano, mesmo após a condenação e o fim do processo, a Justiça permitiu que ela ficasse no programa, onde já estava desde as ameaças sofridas relatadas no processo, dada a gravidade e seriedade das ameaças que sofreu”, afirma Rocha.
AMEAÇAS
A testemunha afirma que pouco após o início das investigações das desapropriações no Rodoanel, em 2015, começou a receber as ameaças que atribui a Paulo Preto em função do teor de seus depoimentos. Naquele ano, disse a delatora, um desconhecido a ameaçou na rua.
Tempos depois, foi empurrada por um homem logo após ser demitida da Dersa. A ex-funcionária teria caído no chão e machucado o braço. “Você tem a língua grande”, teria dito o agressor enquanto afastava-se.
Em 2016, outro desconhecido chamou-a pelo nome na rua e disse que ela seria presa e que na prisão iria conhecer as mulheres do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que atua a partir dos presídios paulistas.
De acordo com a delatora, criminosos armados ou seus representantes compareciam à rede da Dersa, no Itaim, em São Paulo, para receber as indenizações. O dinheiro vivo era acondicionado em caixas e mochilas. A maioria dos beneficiados não assinava os recibos comprovando o pagamento do dinheiro, segundo o depoimento.
A testemunha foi condenada neste mesmo processo que Paulo Preto junto a outros réus, mas de acordo com o defensor, sua prisão domiciliar foi convertida em pena restritiva de liberdade, onde o condenado perde temporariamente alguns direitos como ser contratado ou prestar serviço para o poder público, tirar passaporte, viajar para fora do país e sair da cidade sem comunicar às autoridades com antecedência, entre outras restrições.
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