Os trabalhadores da GM em três unidades no país, São José dos Campos (SP), São Caetano do Sul (SP) e Gravataí (RS), decidiram em assembleias promovidas pelos sindicatos de metalúrgicos de cada região, que não vão aceitar as propostas de cortes salariais e perdas de direitos apresentadas pela multinacional na semana passada.
A negociação entre os sindicatos e a GM teve início na terça-feira passada, após o presidente da empresa no Mercosul, Carlos Zarlenga, enviar comunicado aos funcionários em que levantou a possibilidade de a multinacional deixar a América do Sul e fechar fábricas caso a empresa não volte a ter lucro nas suas unidades.
Para São José dos Campos, a proposta da empresa é um corte de 30% no salário, para a fábrica de São Caetano do Sul a empresa propôs corte de 10%, pois o piso salarial em São Caetano é menor.
Em Gravataí, além de corte salarial, a empresa também apresentou, como nas outras unidades, mudanças que esfolam os trabalhadores. Na lista estão diversos pontos, que vão desde a alteração na jornada de trabalho, plano médico e terceirização de atividades meio e fim.
A lista inclui ainda itens como o fim da estabilidade para trabalhadores que ficarem doentes em razão do trabalho, fim do transporte fretado e congelamento do PLR (participação em lucros e resultados).
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, “a redução do piso é inegociável”. “Os funcionários já contribuíram muito no acordo fechado em 2017, quando a empresa também ameaçava sair da cidade”.
“Não vamos aceitar mais flexibilização do que já fizemos”, diz Cidão.
No acordo feito em 2017, houve, por exemplo, redução do piso salarial, do adicional noturno e suspensão de reajustes pelo INPC.
O vice-presidente do sindicato de São José dos Campos, Renato Almeida, também afirma que os mais de 4 mil trabalhadores já fizeram sacrifícios em troca de promessas não cumpridas.
PROTESTO EM GRAVATAÍ
Nesta terça-feira (29) os trabalhadores da unidade da GM em Gravataí realizaram um protesto na porta da fábrica, na região metropolitana de Porto Alegre, contra as propostas apresentadas pela multinacional ao sindicato. No local trabalham cerca de 6 mil pessoas.
“Nós temos um contrato que vale por todo 2018, então é importante que a gente pare, sente o pé e resista”, diz o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari . “O nosso sindicato não aceita redução de direitos”, complementa.
Na segunda-feira (28), o sindicato participou de uma videoconferência com a direção da GM. “Eles foram muito claros dizendo que se em dez dias não obtiverem o que querem, cortarão investimentos. Porém, os trabalhadores não podem pagar a conta porque eles querem lucrar mais.” afirma o dirigente sindical.