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Encenação não se sustentou. Analistas consideram que, diante da derrota que se aproxima, o mandatário armou o circo para tentar enfraquecer a democracia
Nunca um conjunto de mentiras e falsificações foi tão rapidamente demolido como o discurso de Bolsonaro em sua live de quinta-feira (29), onde ele atacou as urnas eletrônicas, tentou desmoralizar o tribunal eleitoral e ameaçou a democracia. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não perdeu tempo e respondeu quase simultaneamente às provocações.
Ele havia anunciado com estardalhaço que comprovaria que as eleições de 2014 e 2018 teriam sido fraudadas. Não fez nada do que prometeu. Apresentou vídeos antigos e notícias requentadas, todas já devidamente desmentidas até pela Polícia Federal. Foi um vexame e ainda teve que admitir que não tem como provar o que diz. Ou seja, a montanha pariu um rato.
O TSE rebateu a fala de que a contagem dos votos seria feita em uma “sala secreta”. Na publicação, o tribunal explica que “em verdade, a apuração dos resultados é feita automaticamente por cada urna eletrônica logo após o encerramento da votação”. Ao final da votação o boletim da urna com o resultado, além de ser enviado para a central de apuração, é afixado em cada sala de votação.
O TSE desmentiu também a afirmação de que o sistema eleitoral brasileiro somente é usado no Butão e em Bangladesh. O tribunal afirma que, “de acordo com o Instituto para Democracia e Assistência Eleitoral Internacional (Idea) – uma organização intergovernamental que apoia democracias sustentáveis em todo o mundo e que conta com 34 países-membros, como Suíça, Portugal, Noruega, Austrália e Canadá, além do Brasil –, o voto eletrônico é adotado por pelo menos 46 nações.
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Agora, os ministros do TSE estudam se Bolsonaro cometeu crime ao atacar urnas eletrônicas. Eles avaliam se houve abuso de poder. Na opinião de juristas, Bolsonaro teria utilizado a estrutura do Palácio do Planalto para promover teses infundadas de fraudes nas urnas eletrônicas. Outra discussão do TSE é se o presidente da República realizou uma propaganda eleitoral antecipada, por referir-se de maneira pejorativa a possíveis adversários nas eleições do ano que vem.
O ministro Gilmar Mendes foi direto ao ponto. “Vamos parar um pouco de conversa fiada. Claro que todos nós somos favoráveis à audibilidade da urna, e ela é auditável”, argumentou. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), também participou do evento e disse ter confiança no sistema eleitoral atual. “Já disputei oito eleições, sendo seis em urna eletrônica. Não temos nenhum fato que diga respeito a fragilidade no sistema ou fraudes”, disse Lira.