A vacina Sputnik V está disponível a todos os russos, inclusive os turistas, desde o dia 18 de janeiro, quando o presidente Vladimir Putin anunciou o lançamento do programa de “vacinação em massa”. Graças a essa medida, na Rússia, que ocupa o quinto lugar em quantidade de casos, houve, nos últimos dias, uma redução no número de infecções.
O destaque das últimas semanas tem sido o posto de vacinação na histórica loja de departamentos GUM na Praça Vermelha, cartão postal de Moscou. Lá há um fluxo constante de pessoas – jovens e idosos – que chegam para recebê-la, numa demonstração da grande disposição do povo russo em se imunizar.
Não precisa marcar hora e o vacinado ainda recebe um sorvete de brinde. Para quem vive em país tropical pode parecer estranho tomar sorvete sob 15, 20 graus abaixo de zero. Mas lá, é consumido por todos, com sabores cremosos e mais calóricos; de frutas vermelhas, achocolatados, com nozes. É opinião corrente que o sorvete da GUM é dos melhores e turistas de todo o mundo não deixam Moscou sem prová-lo. É vendido em diferentes lugares do magazine – carrinhos de sorvete, uma loja de alimentos e cafés, em pequenos quiosques nas duas pontas das galerias.
Mikhail Kostinov, chefe do Instituto Metchinikov para vacinas, atribui os números em queda a uma mistura de fatores: a vacina, o nível geral de assistência médica gratuita na Rússia e o fato das autoridades terem criado “hospitais de campanha” para lidar com o grande afluxo de doentes, informou a jornalista Emily Sherwin, em reportagem na Deutsche Welle.
O prefeito de Moscou Sergei Sobianin registrou que até o último dia 10, 600 mil pessoas já haviam sido vacinadas na capital, que tem cerca de 12 milhões de habitantes. A vacinação segue em ritmo crescente, com 200 mil vacinados na capital russa nos últimos sete dias
Já há cerca de 100 hospitais que aplicam a vacina em Moscou. A aplicação já começa a ficar disponível em outros vários pontos, incluindo centros comerciais e até uma casa de ópera.
“A Rússia tem as melhores vacinas”, diz a jovem Ekaterina Avonina que relata ter contraído o coronavírus há seis meses e não quer ficar doente novamente. “Ontem estive aqui [na GUM] com minhas amigas e vi que elas estavam aplicando vacinas. E vim tomar a minha hoje”, assinalou.
Atualmente, a “Sputnik V” já está registrada na Rússia, Belarus, Argentina, Bolívia, Sérvia, Argélia, Palestina, Venezuela, Paraguai, Turcomenistão, Hungria, Emirados Árabes Unidos, Irã, República da Guiné, Tunísia, Armênia, México, Nicarágua, Republika Srpska (Entidade autônoma da Bósnia Herzegovina), Líbano, Mianmar, Paquistão, Mongólia e Bahrein.
O pedido da Sputnik V para autorização de uso emergencial no Brasil foi negado pela ANVISA no 16 de janeiro, sob alegação de que faltariam “requisitos mínimos para submissão e análise”. Enquanto isso, cidades como Rio de Janeiro, Salvador e outras estão interrompendo a vacinação porque o Ministério da Saúde não fornece as doses minimamente necessárias para a continuação da imunização.
“A ‘Sputnik V’ já teve registro para testes nos 26 países da União Europeia e deve receber autorizações em mais países da América Latina, Oriente Médio, África, Ásia e América do Norte nos próximos dias, em um ritmo que supera os planos de distribuição do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), organização responsável pelo financiamento do imunizante.
Os dados de pesquisas clínicas publicadas na revista The Lancet demonstram a alta eficácia e segurança da vacina, que também é uma das mais fáceis de transportar e de preço mais acessível. “A Sputnik V recebeu reconhecimento mundial como uma das principais vacinas com a qual a humanidade pode se proteger da infecção por coronavírus e retornar à vida normal”, disse Kirill Dmitriev, CEO do RDIF.