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O segundo dia de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro teve muita energia e emoção, com o destaque das escolas Unidos de Vila Isabel, Imperatriz Leopoldinense e Unidos do Viradouro. Paraíso do Tuiuti, Portela e Beija-Flor também desfilaram na noite da última segunda (20) e na madrugada desta terça-feira (21).
A Vila Isabel mostrou formas de celebrar a fé. O enredo assinado pelo carnavalesco Paulo Barros trouxe surpresas, como componentes flutuando, São Jorge “futurista”, carro percorrendo a avenida e troca de roupa da porta-bandeira.
A escola trouxe as festividades religiosas pelo mundo com muita cor, fantasias cheia de detalhes e vida. Os carros alegóricos foram imponentes, com maior destaque para uma escultura de São Jorge gigante, com efeitos de luz, fumaça e movimentação. A bateria incrementou o ritmo de festa junina e se diferenciou.
No último carro, que reverenciava o carnaval brasileiro, um cadilac passou por diversas alas com o rei momo da escola.
A Imperatriz Leopoldinense se inspirou na literatura de cordel para celebrar a história de Lampião, o rei do Cangaço, e a cultura nordestina em geral. Na última alegoria, o destaque foi Expedita Ferreira da Silva, filha do cangaceiro e de Maria Bonita. Aos 90 anos, ela já tinha participado do desfile da Mancha Verde, em São Paulo, no domingo (19).
“A Imperatriz está na Avenida e o convite é para que vocês venham conhecer a história do Lampião. Um convite para mergulhar em uma história delirante, que usa o cordel como pretexto para levar essa incrível figura da cultura popular ao inferno, ao céu, e apresentar um desfecho final onde ele se perpetua no imaginário nordestino brasileiro”, destacou o carnavalesco Leandro Vieira.
Com arranjos, paradinha e forró, o samba foi pesado na Avenida e empolgou o público e os componentes. A escola trouxe um imaginário de Lampião sendo rejeitado no céu e no inferno. O tom da Imperatriz foi fosco, o que combinou com o enredo.
A Unidos do Viradouro amanheceu o dia na Cidade Maravilhosa. Com samba-enredo sobre Rosa Maria Egipcíaca, a escola contou a história da primeira mulher negra no Brasil a escrever um livro.
A mulher, que viveu, possivelmente, em 1719, foi escravizada, doava o dinheiro que ganhava com prostituição e, apesar de nunca ter sido canonizada, foi aclamada como santa pelo povo. “A primeira mulher mais documentada na diáspora entre África e Brasil. Iremos contar a saga dessa mulher de muitas faces. Rosa, Rosa menina, Rosa guerreira, santa, feiticeira”, declarou o carnavalesco Tarcísio Zanon.
Em desfile carregado de vermelho, a bateria do mestre Ciça fez a maior paradinha do ano e fez um desfile cativante e bem bonito.
PORTELA CENTENÁRIA
Para comemorar seu centenário, a Portela recontou sua história. Foi um desfile relembrando personagens marcantes e enredos campeões com a presença de Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho.
Além da festa na Avenida, 80 drones coloriram o céu do Rio de Janeiro. As luzes formaram algumas palavras, como “Portela” e “100 anos”, além de símbolos, como a águia que é mascote da agremiação.
No entanto, houve tensão. O terceiro carro e o último deixaram buracos na avenida. Foi difícil para os integrantes botarem esses carros no prumo e eles penderam para o lado no percurso.
A Beija-Flor de Nilópolis foi a penúltima escola a entrar na Sapucaí. O enredo escolhido foi “Brava gente, o grito dos excluídos no bicentenário da independência”, que lembra o dia 2 de julho de 1823, quando aconteceu a independência do Brasil na Bahia.
“A Beija-Flor neste ano contesta a Independência oficial, combatendo uma história excludente. Enaltecer as lutas coletivas é também trazer à tona o nosso protagonismo em nossas próprias conquistas. Trazemos mais um grande Carnaval, que tem como mensagem a manutenção da esperança do povo brasileiro”, explica o carnavalesco André Rodrigues.
Mas antes mesmo de a Beija-Flor entrar na Avenida, o carro abre-alas pegou fogo e assustou a escola de samba. As chamas, que se estendiam pelo veículo, surpreendeu os destaques da agremiação.
Por fim a Paraíso do Tuiuti contou a história dos “mogangueiros da cara preta”, mostrando um trajeto de um búfalo da Índia até a Ilha de Marajó, no Pará.
A escola levou para a Sapucaí um desfile não só de figuras de búfalos. Onças, peixes, macacos, tartarugas, pavões, tigres e muitos outros animais foram retratados em fantasias e estátuas.
Apesar de trazer um importante enredo ao Carnaval, a agremiação passou por alguns problemas durante a passagem pelo Sambódromo. Logo que parou de dançar, Raphael Rodrigues, o mestre-sala, sofreu com uma queda de pressão e passou mal, mas foi medicado logo depois do desfile.
Um dos carros da Paraíso da Tuiuti também teve problemas na dispersão. Ao sair do circuito, o veículo bateu em uma parede da Avenida e ainda estragou um hidrante que ficava estrategicamente posicionado para conter problemas. Após algum tempo, os bombeiros conseguiram resolver a situação.